A família de Victoria Natalini, encontrada morta numa fazenda em Itatiba, interior de São Paulo, após excursão escolar em setembro de 2015, criou uma página no Facebook para pedir justiça no caso. A adolescente de 17 anos estudava na Waldorf Rudolf Steiner, instituição privada da Zona Sul da capital.
“Justica para Victoria Natalini”, pede o texto da página na internet feita pela advogada Cristiane de Freitas, noiva de Joao Carlos Siqueira Natalini, pai de Victoria. A madrasta e os familiares acreditam que a garota foi assassinada e não teve uma morte natural, como sugeria o antigo laudo feito pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Jundiaí.
“Criamos essa página para que todos saibam a verdade dos fatos ocorridos com Victoria”, disse Cristiane nesta segunda-feira (11). “Ela foi assassinada. Ocorreu um crime e isso precisa ser investigado para que os culpados por sua morte sejam punidos.”
Após insistência dos parentes de Victoria, um novo laudo foi feito pelo Centro de Perícias da Secretaria da Segurança Pública (SSP), que também tirou da Polícia Civil em Itatiba a investigação. O Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), na capital, assumiu o caso e apura se a aluna foi assassinada.
Os dois laudos não encontraram vestígios de violência sexual na estudante e também deram negativo para o uso de drogas ou consumo de bebida alcoólica.
Além do novo laudo oficial sobre a causa da morte, a família de Victoria contratou uma equipe de peritos particulares que, segundo Cristiane, mostram que sua enteada foi assassinada.
“O parecer mostra que houve assassinato”, disse a madrasta. “Ela foi morta num local fechado e ficou por algumas horas até ser levada a outro local.”
De acordo com Cristiane, o parecer também será incluído no inquérito policial do DHPP que investiga as causas e circunstâncias da morte de Victoria.
Policiais do Departamento de Homicídios informaram que já ouviram os depoimentos de pais, alunos e testemunhas que contaram o que viram entre os dias 16 e 17 de setembro de 2015, quando Victoria desapareceu e foi encontrada morta.
Ela tinha ido à Fazenda Pereiras, em Itatiba, para participar de uma atividade de sete dias de estudos práticos sobre matemática e topografia organizado pela escola Waldorf Steiner.
Victoria desapareceu no quarto dia da excursão e, no quinto, foi achado seu corpo. Ela fazia trabalho de campo com colegas da escola. Por volta das 14h, disse que precisaria ir ao banheiro e saiu caminhando sozinha por uma estrada até a sede da fazenda e desapareceu. A distância entre os dois locais era de 500 metros.
Só no dia seguinte ela foi encontrada por um helicóptero da Polícia Militar (PM) no sentido contrário à sede. Estava a 1,2 km de distância do local em que pretendia ir.
Foi encontrada morta, vestida e de bruços. “Tinham escoriações no corpo, no braço”, contou Cristiane.
Ao todo, 34 alunos iriam fazer mapeamento detalhado da região. Foi proibido levar celular. Três técnicos de topografia e dois professores foram juntos com os estudantes.
A polícia também investiga se a escola pode ser responsabilizada pela morte de Victoria. O DHPP apura se a Waldorf Steiner foi negligente. “Teria que ter um responsável sempre ao lado. Houve, sim, falhas de protocolo de segurança”, disse a delegada Ana Paula Rodrigues, que investiga o caso pelo DHPP. A polícia ainda não tem suspeitos.
Ao Fantástico, o pai de Victoria disse que a escola tem de responder pela morte de sua filha. “Eu responsabilizo, sim. É patente que essa escola realizou esses trabalhos numa atitude de amadorismo sem tamanho.”
Em nota ao programa, a escola Waldorf Steiner alegou que “disponibiliza profissionais capacitados para atender às necessidades dos alunos” nas viagens e que apoiará as investigações. A escola informou ainda que vai “empenhar todos esforços para apoiar os órgãos competentes na conclusão das investigações”.
No ano passado, os proprietários da fazenda lamentaram a morte de Victoria e disseram que até então não havia tido casos de mortes no local.
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