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Família de policial morto quer divulgação de imagens da bodycam da Rota

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A família do investigador Rafael Moura, da 3ª Seccional da Polícia Civil de São Paulo, que faleceu na última quarta-feira (16/7), exige a liberação das imagens captadas pela câmera corporal do sargento Marcus Mendes, integrante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). O PM responsável pelos disparos que atingiram o agente civil cinco dias atrás permanece em serviço.

“A postura do sargento Marcus foi inadequada como policial. Todos querem ver essas gravações já que ele justifica sua ação como legítima defesa. Isso é importante, principalmente porque ele continua atuando nas ruas”, afirma Renata Moura, irmã de Rafael.

As imagens da câmera corporal já foram entregues pela Polícia Militar à Polícia Civil para investigação. O agente morto atuava na Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) e foi baleado em uma viela no Capão Redondo, zona sul da capital paulista.

Pedido por justiça

Renata Moura relata que o irmão sonhava em ser policial desde a infância. “Ele realizou esse sonho e pretendia se tornar delegado”.

“O policial da Rota atirou para matar meu irmão. Ele deixou três filhos pequenos e uma esposa. Nosso pai, que é idoso, está profundamente abalado. Todos nós estamos devastados. Nunca pensamos que ele fosse ser morto por alguém da mesma profissão.”

A família acredita que o racismo teve influência na morte de Rafael. “Meu irmão foi morto porque era negro. Ele usava moletom e boné, mas não estava sem identificação. Estava com seu distintivo no peito”, detalha Renata.

Como aconteceu o ocorrido

Policiais civis estavam em diligência no Capão Redondo, utilizando viatura oficial e exibindo seus distintivos. Mesmo assim, em uma viela, os policiais da Rota confudiram os agentes com traficantes e abriram fogo.

Os agentes atingidos tentaram avisar que eram policiais, mas foram baleados mesmo assim. Rafael Moura, de 38 anos, foi atingido com três tiros — um no braço e dois no abdômen. Em estado grave, foi levado ao Hospital das Clínicas, onde passou por cirurgia mas acabou falecendo em 16 de julho.

Outro policial civil foi atingido de raspão e depois liberado do Hospital Campo Limpo.

Policiais civis ouvidos pela imprensa descrevem profundo descontentamento com o que aconteceu.

Intenção do policial da Rota

Um policial que prefere não se identificar relatou conhecer bem a região onde o sargento Mendes atirou, por já ter trabalhado lá. Segundo ele, a atitude foi desnecessária pois geralmente não há criminosos armados no local.

Ele sugeriu que o sargento estava tentando se destacar para justificar sua vaga na Rota, para onde foi recentemente transferido.

Investigação em curso

Um mês antes do ocorrido, o sargento da PM esteve envolvido em outra ação perto do local, que resultou em um homicídio. A vítima, um homem não identificado, supostamente portava uma arma segundo a versão dos policiais.

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar se o sargento agiu exageradamente, sem afastá-lo até o momento.

O delegado Antonio Givanni Neto explicou que inicialmente o caso é considerado como legítima defesa putativa, situação em que alguém age acreditando, de forma equivocada, estar sob ameaça injusta. Ainda não é possível afirmar se houve excesso no uso da força.

“O inquérito será aprofundado para esclarecer todos os detalhes, incluindo a existência ou não de culpa e se o erro poderia ter sido evitado”, complementou Antonio Givanni Neto.

As imagens da câmera corporal mostram o policial militar correndo pela rua, entrando em uma viela, quando se depara com um homem armado. Ele reage imediatamente com quatro disparos e depois recua. As gravações ainda não foram tornadas públicas pelas autoridades.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a investigação está sob responsabilidade do 37º Distrito Policial do Campo Limpo. Quanto ao sargento Mendes continuar em atividade, a SSP informou que as imagens das câmeras portáteis foram analisadas pelos responsáveis pelos inquéritos e confrontadas com as declarações dos envolvidos, incluindo o PM citado.

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