Centro-Oeste
Farmácia investigada por sonegar milhões recebia verba do governo
Uma farmácia da rede Sayonara está sendo investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por sonegação fiscal de aproximadamente R$ 15 milhões. Entre 2014 e 2025, a drogaria recebeu mais de R$ 1,3 milhão do Ministério da Saúde, por meio do programa Farmácia Popular, que oferece medicamentos gratuitos ou com desconto à população.
De janeiro a novembro deste ano, os pagamentos totalizaram mais de R$ 50 mil, distribuídos em parcelas que variaram entre R$ 4 mil a R$ 7 mil, com o último repasse realizado em novembro. A rede Sayonara é uma das líderes no setor de padarias e farmácias na região do Gama (DF) e está envolvida na Operação Bethlehem, que investiga sonegação de impostos entre 2017 e 2022.
Uma das farmácias investigadas, Drogaria Saraiva Ltda, atua sob o nome fantasia Drogaria Sayonara, localizada no Setor Central do Gama e pertence a Wanderson Lima Freitas de Abreu e João Mendes Saraiva. Recentemente, a rede mudou o nome comercial para Drogafarma Vasconcelos, mantendo os mesmos endereços.
Em 2022, o sócio Wanderson Freitas de Abreu Lima foi detido por furto de energia elétrica durante a Operação Massa Fresca. Embora tenha sido liberado com acordo de não persecução penal, a investigação aponta fraudes envolvendo a criação de empresas fantasmas e manipulação de faturamento para redução artificial de tributos.
Até o momento, a polícia conta com indícios contra oito pessoas, potencialmente ligados a lavagem de dinheiro e outros crimes. Existem suspeitas de mais entidades comerciais do ramo familiar funcionando sob diferentes nomes na região, que estão sendo analisadas.
Além das buscas e apreensões em vários locais, a Justiça determinou o bloqueio de bens e quantias equivalentes a R$ 15,5 milhões para compensar os cofres públicos. Foram recolhidos R$ 107 mil em dinheiro e seis veículos. Os responsáveis poderão responder por crimes como sonegação, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro, com penas que somam até 24 anos de prisão.
O programa Farmácia Popular, reforçado em 2023 pelo governo federal, visa ampliar o acesso da população a medicamentos essenciais, com um orçamento recorde previsto para 2025. A farmácia investigada anunciava sua participação nesse programa, incentivando os clientes a usufruírem dos descontos e gratuidade dos remédios disponibilizados.
O Ministério da Saúde suspendeu preventivamente os repasses para o estabelecimento e iniciou investigação interna, sem até agora relacionar irregularidades diretas ao programa. Paralelamente, uma ampla ação de fiscalização retirou mais de 9 mil farmácias do programa no país para evitar fraudes.
A defesa da rede Sayonara, procurada, não retornou, mas anteriormente declarou colaborar integralmente com as autoridades, afirmando operar dentro da legalidade e com transparência.
As operações e investigações continuam, enquanto as farmácias e padarias da rede permanecem abertas, mesmo com os bens bloqueados pela Justiça.

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