Economia
Fazenda diminui expectativa de crescimento do PIB para 2,2% em 2025
A desaceleração da atividade econômica brasileira, causada por juros elevados, terá impacto no desempenho do país. O Ministério da Fazenda ajustou para baixo a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3% para 2,2% em 2025.
Essa atualização foi divulgada em Brasília, nesta quinta-feira (13), no Boletim Macrofiscal da Secretaria de Política Econômica (SPE).
O motivo da revisão é a performance mais fraca da economia no terceiro trimestre, combinada com os efeitos retardados da política monetária rigorosa. Para 2026, a previsão permanece em 2,4%.
Inflação acima da meta
A previsão para o índice oficial de preços ao consumidor (IPCA) em 2025 caiu de 4,8% para 4,6%, mas ainda fica acima do teto da meta fixa de 4,5% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Em 2026, a expectativa foi revisada de 3,6% a 3,5%. A SPE projeta que a inflação deve se alinhar a 3,2% até o segundo trimestre de 2027, período crítico para as decisões de política monetária.
De acordo com a SPE, a diminuição na previsão resulta de:
- valorização da moeda nacional;
- redução da inflação no atacado para bens agropecuários e industriais;
- excesso de oferta global de mercadorias;
- uso da bandeira amarela nas tarifas de energia em dezembro.
Principais projeções da Fazenda
| Indicador | 2025 | 2026 |
|---|---|---|
| PIB real | ajustado de 2,3% para 2,2% | mantido em 2,4% |
| IPCA | revisado de 4,8% para 4,6% | de 3,6% para 3,5% |
Fonte: Ministério da Fazenda
Desempenho por setor
A nova projeção para 2025 revela diferentes resultados entre os segmentos econômicos. A agropecuária foi o destaque com crescimento estimado de 8,3% passando para 9,5%.
O setor industrial caiu de 1,4% para 1,3%, enquanto os serviços reduziram de 2,1% a 1,9%.
Para 2026, a estimativa de crescimento de 2,4% deverá ser impulsionada pela recuperação mais vigorosa na indústria e serviços, compensando a desaceleração da agropecuária.
Atividade interna
O relatório indica que o Brasil está em processo de desaceleração, reflexo dos juros elevados e da redução no crédito disponível.
“Os efeitos acumulados da política monetária rigorosa continuam a influenciar negativamente a atividade econômica”, destacou a SPE.
Apesar do desemprego estar em níveis historicamente baixos, há uma diminuição no número de pessoas ocupadas e crescimento mais lento dos rendimentos no terceiro trimestre.
Tarifas dos EUA
No âmbito internacional, o boletim indica que a atividade econômica global permanece resistente, embora haja incertezas comerciais e geopolíticas.
O documento menciona os impactos negativos das tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. Entre agosto e outubro de 2025, as vendas brasileiras para os EUA caíram em US$ 2,5 bilhões, uma queda de 24,9% em relação ao mesmo período de 2024.
O Ministério da Fazenda informou que o governo está trabalhando para diversificar os mercados e implementar políticas de apoio ao setor exportador. O diálogo entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos pode ajudar a reduzir essas tarifas.
Outros índices de preços
As projeções para outros índices também sofreram corte. A expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado para reajustar o salário mínimo, caiu de 4,7% para 4,5% neste ano.
A previsão para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) passou de 2,6% para 1,4%, influenciada pela queda do dólar, que tem impacto significativo nesse indicador.
Orçamento
Publicado bimestralmente pela Secretaria de Política Econômica, o Boletim Macrofiscal apresenta as principais projeções e análises sobre o desempenho econômico do Brasil. Este documento serve de base para a elaboração do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, que orienta a execução do orçamento, contemplando medidas de bloqueio e contingenciamento, que são tipos de cortes temporários nas despesas.
O bloqueio ocorre quando os gastos ultrapassam o limite anual permitido pelo arcabouço fiscal. Já o contingenciamento é aplicado quando a arrecadação insuficiente impede o cumprimento da meta fiscal estabelecida.

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