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FDA limita uso de flúor em crianças

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A agência reguladora americana FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos) adotou novas regras para restringir o uso de suplementos de flúor destinados a fortalecer os dentes das crianças.

Segundo o órgão, esses suplementos não devem mais ser indicados para crianças menores de 3 anos e para aquelas sem risco significativo de cáries, mesmo sendo mais velhas.

Antes, esses produtos eram recomendados para crianças desde os seis meses de idade. Em maio, a FDA chegou a anunciar uma provável retirada dos suplementos do mercado, mas, em vez disso, enviou notificações a quatro empresas americanas para que não vendam os produtos fora dos novos limites.

A FDA também encaminhou uma carta padrão a dentistas e outros profissionais de saúde alertando sobre os perigos desses suplementos.

Frequentemente, comprimidos e pastilhas de flúor são indicados para crianças e adolescentes com maior chance de cáries, especialmente em regiões com baixa concentração de flúor na água. Algumas empresas oferecem gotas para bebês.

Na sexta-feira, a FDA divulgou uma nova análise científica afirmando que os suplementos de flúor apresentam benefícios limitados para os dentes infantis e podem estar ligados a preocupações emergentes de segurança, como problemas intestinais, ganho de peso e comprometimento cognitivo.

“Assim como o flúor elimina bactérias nos dentes, ele também pode alterar o microbioma intestinal, o que pode influenciar a saúde de maneira mais ampla”, explicou a agência em nota.

Especialistas discordam dessas afirmações. A Associação Americana de Odontologia declarou que não há riscos de saúde relevantes associados ao uso do flúor nas dosagens recomendadas por dentistas.

Os suplementos podem provocar manchas ou descoloração nos dentes devido ao excesso de flúor, um efeito também reconhecido pela FDA.

“A única evidência dos efeitos do fluoreto, seja pela água, pasta de dente ou outros meios, é a fluorose dentária, que gera manchas no esmalte dentário”, declarou Jaime Aparecido Cury, cirurgião-dentista, professor emérito da Unicamp e referência mundial no tema, em entrevista ao jornal O Globo. “Contudo, essas manchas ocorrem apenas com a ingestão excessiva de fluoreto”, complementou.

O fluoreto é um mineral presente naturalmente em muitos alimentos e disponível como suplemento dietético. Também representa a forma iônica do flúor e atua para impedir ou reverter o início e a evolução da cárie dentária, além de estimular a formação óssea, conforme dados dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH).

Conforme os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o flúor fortalece os dentes e diminui as cáries, repondo minerais perdidos pelo desgaste natural. Desde 1962, a agência define parâmetros sobre a quantidade de flúor adicionada à água.

A FDA regulamenta a maior parte dos produtos odontológicos, como cremes dentais com flúor, suplementos, enxaguantes bucais e soluções para clareamento dentário.

As recentes medidas não impactam cremes dentais, enxaguantes ou tratamentos com flúor usados por adultos ou em consultórios odontológicos.

Como o flúor previne a cárie

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o flúor protege contra a cárie de várias maneiras. Presente de forma constante e em baixa concentração na saliva e nos dentes, por meio do uso de creme dental, o flúor retarda a desmineralização e acelera a remineralização de lesões no esmalte.

Além disso, o flúor interfere na glicólise, processo onde bactérias causadoras de cáries metabolizam açúcares para produzir ácido, exercendo também ação bactericida.

Quando ingerido durante o desenvolvimento dos dentes, o flúor torna o esmalte mais resistente a ataques ácidos e ao surgimento de cáries. Esse efeito motivou muitos países, incluindo o Brasil, a adotarem a fluoretação da água como medida preventina, reduzindo as cáries em até 25%.

Embora o uso de creme dental seja uma excelente forma individual de prevenção, a fluoretação da água é considerada uma medida comunitária com custo-benefício efetivo para prevenção da cárie dentária, segundo a OMS.

A concentração ideal de flúor na água para prevenir cáries sem riscos à saúde está entre 0,5 e 1,0 mg/L. No Brasil, varia de 0,6 a 0,8 mg/L, sendo 0,7 mg/L o valor considerado “ótimo”.

Riscos do flúor

Como qualquer substância, o flúor em excesso pode causar malefícios. Especialistas afirmam que, mesmo somando as doses da água e cremes dentais, a quantidade de flúor no organismo geralmente não representa risco significativo.

O principal problema do excesso é a fluorose dentária, caracterizada por manchas no esmalte dos dentes causadas por ingestão elevada de flúor.

Na maior parte das vezes, essa condição é apenas estética, mas em casos graves pode causar redução da mineralização, resultando em dentes com buracos. Esses casos são mais comuns em regiões com consumo excessivo de água subterrânea naturalmente rica em flúor.

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