A Vigilância Ambiental do Distrito Federal passou a investigar, nesta quarta-feira (24), a morte de um macaco encontrado na área urbana de Valparaíso de Goiás – cidade no Entorno do DF. Com isso, já são dois casos investigados na capital federalpor suposta relação com o vírus da febre amarela.
Em todo o estado de Goiás, até esta quarta, havia 28 casos em investigação por suposta relação com a doença. O número inclui três macacos achados mortos em Santo Antônio do Descoberto, em Valparaíso e no Novo Gama. As três cidades fazem divisa com o DF, mas apenas os dois últimos casos foram enviados para análise na capital.
Em nota, o Centro de Zoonoses de Valparaíso informou que o macaco foi encontrado “em área urbana e em terreno particular”. Segundo o texto, a localização afastada da mata reduz a possibilidade de uma relação entre o óbito e o vírus da febre amarela, mas o resultado só deve ser divulgado no prazo de duas semanas.
“Evidenciamos ainda que a Gerência de Vigilância Epidemiológica e agentes de endemias iniciou imediatamente trabalhos preventivos nas quadras próximas onde o animal foi encontrado. Ficais ambientais vão investigar a criação ilegal do animal em área particular, caso seja constatado, o proprietário será notificado por criação ilegal de animal silvestre”, diz o órgão.
A superintendente de Vigilância em Saúde do estado, Flúvia Amorim, disse que “não há motivo para pânico”. Como Goiás é considerado área endêmica, segundo ela, “já é esperado que a cada sete anos nós tenhamos casos da doença”.
No DF
De acordo com a Saúde, foram registradas seis ocorrências de morte de macacos em 2018 no DF, e “todas estão sendo investigadas”. Apesar disso, a pasta afirma que “não há surto da doença” e esclarece que está monitorando o Entorno.
Em caso de morte de macacos, a população deve informar à Vigilância Ambiental pelo número 99269-3673. Nas cidades do Entorno, o cidadão deve acionar a Secretaria de Saúde do município. Especialistas recomendam que o animal não seja manipulado ou retirado do local.
E nos humanos?
Até às 21h desta terça, a Secretaria de Saúde do DF investigava 12 casos suspeitos de contaminação por febre amarela. Há uma semana, eram apenas cinco casos.
Um dos episódios em análise é do vigilante Eronde Silva, de 58 anos, morto há 11 dias em um hospital de Ceilândia. Médicos que atuaram no caso do morador de Planaltina suspeitaram da contaminação, mesmo ele tendo tomado a vacina em 2011. Desde o ano passado, o Ministério da Saúde adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida.
De acordo com a pasta local, apesar das suspeitas, ainda não há confirmação da doença em nenhum dos casos registrados em 2018. Em dois deles, a hipótese mais importante é de leptospirose.
Doses de vacina
Na tentativa de conter o avanço do vírus em áreas urbanas, o governo do Distrito Federal orienta que a população receba apenas uma aplicação da vacina ao longo da vida. Para as crianças, é dada uma dose aos 9 meses e um reforço aos 4 anos de idade. A dose demora cerca de dez dias para garantir a imunização após a primeira aplicação.
Um infectologista ouvido pela reportagem, em novembro, informou que tomar mais de uma dose em intervalos curtos é arriscado. “Isso não deve ser feito, porque a vacina é uma vacina de vírus vivo. E se as pessoas tomarem doses adicionais, pode ser que a carga viral seja muito alta e a pessoa tenha efeitos colaterais por causa do excesso de vacinas.”
No DF, foram aplicadas 207.581 doses de vacina de janeiro a novembro de 2017. Segundo a Secretaria de Saúde, os dados do mês de dezembro ainda estão sendo compilados e neste ano os dados ainda não foram enviados.
Mesmo com o déficit no levantamento, a rede de saúde pública da região informa que as salas de vacina estão abastecidas. Em caso de necessidade, o DF pode solicitar ao Ministério da Saúde um reforço no estoque de imunizações. As doses podem ser recebidas em qualquer unidade de saúde que possua sala de vacina.
“Vale informar que existe uma programação mensal de rotina, no que diz respeito ao recebimento de doses nas unidades da federação.”
Febre amarela no DF
Em 2000 houve o surto mais grave de febre amarela no Distrito Federal, segundo o GDF. Há 18 anos, 40 casos da doença foram registrados na região, sendo que 38 deles eram moradores de outros estados, mas que tiveram a patologia diagnosticada no DF.
Em 2008, foram 13 diagnósticos da doença. Após esse período, não houve mais infecção por febre amarela em residentes na capital federal. Em 2015, as regiões administrativas constataram três pacientes procedentes de outras localidades, pelo menos dois morreram.
No ano passado, 86 casos suspeitos de febre amarela em moradores do Distrito Federal foram investigados. Destes, 83 foram descartados, três foram confirmados. Das confirmações, apenas residia em Brasília.
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