Fed, banco central dos EUA, reduz juros pela 1ª vez em 2025

O Federal Reserve, conhecido como Fed, que é o banco central dos Estados Unidos, diminuiu as taxas de juros na reunião desta quarta-feira, fixando-as entre 4% e 4,25%.

Depois de cinco encontros mantendo os juros estáveis, o Fed começou agora um ciclo de alívio na política monetária. Sob a pressão do ex-presidente Donald Trump, essa é a primeira decisão de corte das taxas em 2025.

A redução foi de 0,25 ponto percentual e a última alteração nesse sentido tinha sido em dezembro, antes de Trump assumir o cargo.

Ainda que a inflação esteja acima do ideal, que é 2%, com o índice de preços ao consumidor anual marcando 2,6%, os sinais recentes de enfraquecimento do mercado de trabalho foram decisivos para a decisão do Fed.

Na semana passada, o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA reviu para baixo o crescimento do mercado de trabalho, corrigindo de 1,8 milhão para 911 mil postos de emprego até março deste ano.

Dados mais recentes também indicaram uma redução consistente nas vagas no país, confirmando as expectativas do mercado financeiro. Pouco antes da decisão, a plataforma FedWatch indicava 93,8% de chance de corte de 0,25 ponto percentual.

Ao contrário do Brasil, onde a taxa de juros é fixa, nos EUA ela opera dentro de um intervalo.

Conflito entre Trump e o Fed

O corte acontece num momento em que Donald Trump tem demonstrado insatisfação com Jerome Powell, presidente do Fed, a quem rotineiramente chama de “atrasado” em suas redes sociais.

Além disso, Trump iniciou uma disputa aberta com a diretora Lisa Cook, inclusive solicitando sua demissão do banco central.

Em agosto, Trump enviou uma carta pedindo a saída de Cook, acusando-a de fraude hipotecária relacionada à compra de uma casa antes de ela assumir o cargo. O Departamento de Justiça está investigando a diretora, que possui direito a voto nas decisões do Fed.

Embora Trump tenha conseguido a aprovação no Senado de Stephan Miran, seu indicado para o Fed, que já participou da reunião atual, Lisa Cook permaneceu no cargo após decisão judicial e também votou.

Repercussão mundial

A taxa de juros nos Estados Unidos influencia o valor do dólar e impacta diversas moedas e investimentos globalmente.

Taxas de juros altas atraem investidores para os Estados Unidos, considerados um porto seguro para seu dinheiro, e com isso aumenta a demanda pelo dólar, elevando seu preço.

Quando há indicação de queda nos juros americanos, o capital global passa a procurar investimentos com maior retorno, como ações, o que tem impulsionado o Ibovespa, que vem alcançando recordes.

Esse cenário também favorece operações conhecidas como carry trade: investidores tomam empréstimos em economias de juros baixos e investem em países com juros maiores.

No Brasil, cuja taxa de juros está no maior nível em 20 anos, 15% ao ano, alguns investidores aproveitam para financiar em dólares e aplicar no país, buscando maiores ganhos.

Esse movimento contribui para a valorização do real, o que ajudou a diminuir a cotação do dólar, que fechou recentemente abaixo de R$ 5,30.