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Centro-Oeste

Feiras do DF reúnem cultura e nutrem a tradição entre gerações

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Nesses espaços ricos em diversidade, que empregam cerca de 86 mil pessoas de forma direta e indireta, o brasiliense encontra de vestuário a hortifrútis frescos, além de opções de produtos que remetem a várias regiões do país

As feiras espalhadas pela cidade oferecem cultura, comidas típicas regionais, vestuário e hortifrúti frescos para os moradores, além de desempenharem um papel crucial na economia do Distrito Federal. Muitas pessoas mantêm viva a tradição de frequentar as feiras, um hábito que é passado de geração para geração. De acordo com o Sindicato dos Feirantes (SindiFeira-DF), Brasília e suas regiões administrativas contam com 104 feiras, regulamentadas e livres, que empregam cerca de 800 feirantes e mais de 86 mil pessoas de forma direta e indireta.

A reportagem do Correio visitou algumas feiras da cidade e encontrou tanto pessoas que construíram suas histórias nesses espaços quanto aquelas que não abrem mão de ir semanalmente para garantir produtos frescos.

A Feira Permanente do Núcleo Bandeirante é a primeira do DF e uma das mais tradicionais da capital. Jandira de Lourdes Andrade, 76, que trabalha no local há cinco décadas, seguiu os passos da mãe, também feirante, e orgulha-se de ter criado os quatro filhos com o dinheiro ganho na feira. “Comecei a trabalhar com minha mãe em 1967. Depois, já casada e com filhos, minha mãe comprou um box para mim e comecei a trabalhar sozinha. Criei meus filhos e tenho orgulho de dizer que tudo que conquistei para mim e minha família foi aqui. Meus filhos e netos cresceram dentro dessa feira e, enquanto eu puder, estarei aqui”, relata emocionada.

Na feira de Ceilândia, Miriam Moura, 38, começou a trabalhar aos 12 anos, aos fins de semana, e acabou desenvolvendo um gosto pela venda. Atualmente ela é proprietária de uma peixaria. “Trabalho com peixes há 10 anos e me identifiquei com a área. Os clientes gostam, porque entregamos o peixe limpinho e cortado”, afirma.

 

Queijo e curau garantidos por Jandira Alcântara, 83, na feira do Núcleo Bandeirante

Queijo e curau garantidos por Jandira Alcântara, 83, na feira do Núcleo BandeiranteMinervino Júnior/CB

 

Dona de peixaria na feira de Ceilândia, Miriam Moura, 38, começou a trabalhar aos 12

Dona de peixaria na feira de Ceilândia, Miriam Moura, 38, começou a trabalhar aos 12Fotos: Minervino Júnior/CB

 

Assídua desde 1978, Giselda Ferreira, 66, alimenta filhos e netos com produtos frescos em Ceilândia

Assídua desde 1978, Giselda Ferreira, 66, alimenta filhos e netos com produtos frescos em CeilândiaMinervino Júnior/CB

Clientes fiéis

Anita Mascarenhas, 68, estava com a neta Elis Maria Lopes, 9 anos, na feira do Cruzeiro. “Sempre compro frutas, legumes, queijo, presunto, manteiga fresca e carne. Comecei a frequentar a feira porque era perto de casa e acabei gostando muito. Mesmo se eu me mudar, vou continuar vindo aqui porque descobri coisas boas”, relata.

Na feira de Ceilândia, com sacolas abarrotadas de legumes, a frequentadora assídua Giselda Ferreira, 66, que vai à feira desde 1978, revela que, se não for, sente que a semana não vai dar certo. “Compro de tudo por aqui, desde verduras e queijo até marmitas ou uma fava gostosa. Os produtos são frescos, e aqui tem de tudo, não preciso sair de Ceilândia para nada. Adquiro os produtos aqui e meus filhos e netos passam em casa para comer”, conta, satisfeita.

Jacinta Alcântara, 82, garante o queijo e o curau de milho para o lanche da tarde e faz questão de ir à feira do Núcleo Bandeirante pelo menos duas vezes por semana. “Mudei-me para esta região há três anos e gasto apenas oito minutos para chegar aqui. Venho toda semana porque as verduras são frescas e os produtos de milho são de qualidade, além da variedade de opções”, detalha.

Licitação

A Subsecretaria de Cidades, da Secretaria de Governo, que cuida da licitação dos boxes vazios em Brasília, explica que as feiras são mais do que espaços comerciais; são também pontos de lazer e cultura para a população. Desde 2019, o Governo do Distrito Federal tem trabalhado para fortalecer a atividade dos feirantes por meio de reformas, atualização da legislação e regularização do setor.

A secretaria colabora com as administrações regionais e associações de feirantes para identificar e licitar os boxes vazios. Essa ação visa revitalizar o movimento das feiras e estimular a economia, pois a operação plena dos boxes contribui para a economia distrital.

O economista e professor de finanças do Ibmec William Baghdassarian acredita que as feiras livres e permanentes contribuem positivamente para a economia das cidades. “Os produtos agrícolas são fornecidos por alguém e o feirante atua como intermediário entre o produtor e o cliente, tornando-os mais baratos. Isso é ótimo para quem busca preços acessíveis com valor e qualidade”, afirma.

Sobre as feiras permanentes, William destaca que, além de oferecerem produtos mais baratos, são uma excelente oportunidade para quem quer empreender com poucos recursos, pois o custo de um box é menor do que o de um ponto comercial.

Mix cultural

O vice-presidente do SindiFeira-DF, Orlando Passos, ressalta que as feiras oferecem um mix cultural e culinário de diferentes estados. “Há comidas típicas e um polo de várias tradições em um só local, com muita diversidade. No site do sindicato (SindiFeira-DF), as pessoas podem visualizar o mapa das feiras do DF, com localização e horário de funcionamento”, destaca.

Jonata Araújo, presidente da Feira Central de Ceilândia, afirma que as feiras significam uma fonte de economia, cultura e tradição para cada região administrativa. “Na feira de Ceilândia, temos cerca de 463 feirantes que geram aproximadamente 800 empregos diretos. É um pedaço do Nordeste pulsando em Brasília, oferecendo rapadura, arroz, farinha, galinha caipira e feijão de corda. Além disso, é um ponto de encontro, onde as pessoas reveem amigos e vivem o comércio familiar. A tradição de feirante é passada de geração para geração”, conta.

 

Correio Braziliense

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