Centro-Oeste
Festival de Brasília amplia valor dos prêmios e aumenta quantidade de filmes

Criada há 60 anos, a tradicional mostra terá exibição de mais filmes e um investimento superior a 2024. Secretário de Cultura destacou a criação de um complexo ao lado do Cine Brasília com mais salas para exibição das produções
Entre 12 e 20 de setembro, Brasília vai sediar o 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que chega à data especial dos 60 anos existência — tendo apenas sido interrompido entre 1972 e 1974, durante a ditadura. “O festival volta à posição de protagonismo da qual nunca deveria ter saído. Estamos posicionados entre o Festival de Gramado e o Festival do Rio, na temporada de grandes eventos de cinema no país”, celebrou o secretário de Cultura e Economia Criativa (Secec) Cláudio Abrantes. Ao lado da diretora geral do evento, Sara Rocha, e do representante do Troféu Câmara Legislativa (que dá lastro à Mostra Brasília) Claudinei Pirelli, Abrantes oficializou a abertura das inscrições, estendidas até 9 de junho de 2025.
“Neste período de setembro, a cidade tem clima bastante aprazível, sem chuva, o que vai resultar em mais integração do público, na circulação entre múltiplas atividades, algumas a serem realizadas no Espaço Cultural Renato Russo. Pretendemos contar com a mobilização dos estudantes para reafirmar a formação de público, por meio do tradicional Festivalzinho”, observou a coordenadora Sara Rocha.
“Ampliamos os valores dos prêmios: a gente sai de um investimento de R$ 240 mil para R$ 298 mil. A quantidade de filmes a serem selecionados também cresceu: passamos de oito para 10 curtas e, em longas, de quatro para cinco. Com isso, teremos cinco de exibição da Mostra Brasília (reservada à produção local)”, ressaltou Pirelli. Ao todo, o festival terá investimentos de R$ 3 milhões do GDF e outro R$ 1,5 milhão será dividido (por duas edições), por patrocinadores. A divulgação da programação das mostras de cinema foi agendada para 20 de agosto.
A direção artística do festival seguirá com o crítico e curador Eduardo Valente. A divulgação prévia das comissões de seleção não ocorreu para não comprometer o processo de formatação do evento. Por enquanto, está assegurada a manutenção da Mostra Caleidoscópio e a inclusão de mais um longa na competitiva oficial. A expansão dos centros de exibição (fora Plano Piloto) foi sinalizada, com perspectivas de que o evento circule pelo Centro Cultural de Planaltina e por centros do Gama, da Ceilândia e de Taguatinga.
“Nos concentramos na continuidade e na sustentabilidade do festival: ele atravessou a ditadura e a pandemia, sem parar. É um palco de discussão do cinema independente, autoral, além de ser o antigo e longevo”, sublinhou Abrantes. Integrante do Fórum Nacional de Gestores de Cultura, o secretário aposta em avanços (no âmbito das discussões no evento) sobre o percentual justo para a representação brasileira no mercado do Video on Demand (VoD), junto às plataformas globais de streaming, ele adiantou debates em torno do Polo de Cinema do DF (com previsão da retomada).
Mais salas
Há também a criação de um complexo anexo ao Cine Brasília (EQS 106 107), no cumprimento do projeto original de Oscar Niemeyer. A extensão do festival, numa sala adicional (provisória), em 2024, resultou em experiência para além de “interessante”, como observado pelos realizadores do evento. “Trata-se de um desejo histórico da comunidade e, em curtíssimo tempo, vamos dar um passo aguardado há 65 anos, desde que o cinema foi construído”, observou Sara Rocha.
O complexo de lazer deverá trazer sala extra de exibição de filmes, com espaços destinados também a acervo de filmes, numa espécie de cinemateca brasiliense. “Depois de conversas com o Conselho de Arquitetura e o Instituto de Arquitetos do Brasil, ainda em maio, pretendemos lançar o edital para selecionar três projetos de arquitetura, por meio de concurso público. Trabalharemos a questão da licitação da obra, e a contratação deve ocorrer até 2026”, adiantou o secretário.
“É um sonho poder ter uma segunda sala de cinema aqui”, celebrou Sara Rocha, que adiantou momento especial para a edição 58: “Teremos uma mostra dos 60 anos do festival, com um filme, por década, que foi vencedor do prêmio de melhor filme. Domingos de Oliveira terá reapresentado Todas as mulheres do mundo, um ícone do cinema nacional. Nunca fomos tão felizes (de Murilo Salles) que marcou muito a história do festival também será apresentado. Obra da segunda diretora a vencer o Candango (Lucia Murat), Que bom te ver viva, estará contemplada, junto com o clássico Amarelo manga, de Cláudio Assis, que é prata da casa. Teremos ainda É proibido fumar, da Anna Muylaert; e Temporada, de André Novais Oliveira”, concluiu Rocha.
Correio Braziliense

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