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Finlândia deve reparar danos históricos ao povo sami
Uma comissão de verdade e reconciliação pediu à Finlândia que compense os erros históricos cometidos contra o povo sami, entregando ao governo, nesta quinta-feira (4), um relatório preparado ao longo de quatro anos.
A comissão, criada em 2021, ouviu cerca de 400 indígenas sami e diversos especialistas para denunciar a discriminação e violações dos direitos humanos praticadas pelo governo finlandês. A política de assimilação cultural também foi cuidadosamente analisada.
Até o fim do século XX, muitas crianças sami eram afastadas de suas famílias e enviadas para internatos onde sua língua, cultura e tradições eram proibidas, conforme indica o relatório.
“Como consequência, muitas crianças perderam a conexão com sua língua nativa e identidade, e os efeitos ainda são evidentes nas comunidades sami, como línguas ameaçadas e perda cultural”, diz o documento entregue ao primeiro-ministro da Finlândia e a representantes sami.
A Finlândia ainda não apresentou um pedido oficial de desculpas ao povo sami.
Petteri Orpo, o primeiro-ministro, declarou ao receber o relatório: “Para mim, está claro que é necessário pedir desculpas”.
Os samis, o único povo indígena da Europa, totalizam aproximadamente 100 mil pessoas distribuídas por suas terras ancestrais que abrangem a Finlândia – com cerca de 10 mil habitantes – Noruega, Suécia e a península russa de Kola.
Sua cultura e idioma estão profundamente ligados às suas práticas tradicionais de subsistência: criação de renas, pesca, coleta e artesanato.
A política de assimilação finlandesa não foi codificada em lei como na Noruega ou Suécia, mas “o resultado foi semelhante”, afirmou à AFP a presidente da comissão, Hannele Pokka.
Para Niila-Juhan Valkeapaa, 21 anos, vice-presidente do Conselho Juvenil do Parlamento Sami da Finlândia, esse relatório é de grande relevância.
“Agora, pela primeira vez, temos a oportunidade de compartilhar nossas histórias oficialmente”, disse ele à AFP.


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