Economia
Fiscal acusado de propina foi destaque no ITA e peça-chave no caso Ultrafarma

Artur Gomes da Silva Neto, auditor fiscal, está envolvido em um esquema bilionário de fraude tributária na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP). Ele é figura central em um esquema que inclui corrupção passiva, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Antes de sua ligação com essa atividade criminosa, Artur teve uma carreira acadêmica notável no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), um dos vestibulares mais difíceis do país.
A operação que resultou na prisão do fundador da Ultrafarma, Sidney Oliveira, começou após o Ministério Público detectar um crescimento incomum no patrimônio da mãe do auditor, Artur Gomes da Silva Neto, que foi detido e acusado de receber mais de R$ 1 bilhão em suborno.
Artur participou de palestras destinadas a futuros estudantes, onde destacava seu excelente desempenho em exames concorridos no país, incluindo aprovação no ITA, no Instituto Militar de Engenharia (IME) e no curso de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Conforme o promotor Roberto Bodini, o auditor ficou em primeiro lugar na turma do ITA.
Ele escolheu seguir a carreira de engenharia aeronáutica, formando-se pelo ITA. Durante sua graduação, Artur recebeu o Prêmio Professor Rene Maria Vandaele, concedido aos estudantes com melhor desempenho em disciplinas de Aerodinâmica e Estruturas.
Como reconhecimento, Artur foi contemplado pela Embraer com uma viagem aos Estados Unidos, visitando importantes empresas aeroespaciais e centros de pesquisa, incluindo a Nasa.
A investigação fiscal identificou diversas viagens realizadas por Artur para países reputados como paraísos fiscais, como Suíça, Emirados Árabes Unidos e Uruguai, o que levantou suspeitas de ocultação de recursos ilícitos e risco de fuga, segundo o Ministério Público.
Operação Ícaro
Batizada de Ícaro, essa operação tinha como objetivo desmontar um esquema corrupto que envolvia auditores fiscais da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.
Documentos indicam que a mãe de Artur, Kimio Mizukami da Silva, era sócia da empresa Smart Tax, que teria sido usada para lavar o dinheiro obtido das empresas.
O patrimônio declarado da Smart Tax era de R$ 411 mil em 2021, aumentando para R$ 2 bilhões em 2023. O auditor, fundador da empresa com sua mãe, deixou o quadro estatutário em 2013.
Esse crescimento patrimonial seria resultado da compra de criptomoedas, conforme declarado à Receita Federal, e adquiridas com recursos da Smart Tax, segundo apuração do Ministério Público.
Testa de ferro
Em 2021, a Smart Tax passou a atuar na área de consultoria, assessoria e auditoria tributária.
O Ministério Público destacou que, por meio da quebra de sigilo fiscal da mãe de Artur, foi possível constatar uma evolução patrimonial extremamente significativa, proveniente dos lucros gerados pela empresa Smart Tax.
De acordo com o MP, o contador Agnaldo de Campos, junto com Artur, foi o principal responsável por utilizar a Smart Tax para a lavagem dos recursos financeiros oriundos do esquema de corrupção investigado.
Agnaldo age como representante de Artur nas negociações da Smart Tax com outras empresas, conduzindo as tratativas e mantendo Artur sempre informado sobre elas, conforme relato do Ministério Público.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login