Economia
fmi indica melhora fiscal no brasil, mas alerta para aumento da dívida em 2026

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reconhece uma melhora na situação fiscal do Brasil para este e o próximo ano, contudo, sinaliza o risco de uma elevação significativa da dívida pública em 2026, ano das eleições presidenciais no país. Essa avaliação está no mais recente relatório Monitor Fiscal, divulgado em 15 de fevereiro, durante as reuniões anuais do FMI em Washington, EUA.
O FMI projeta que a dívida pública brasileira deverá atingir 91,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, contra 87,3% em 2024, uma alta de mais de 4 pontos percentuais, porém inferior à estimativa anterior de 92%. Para 2026, a expectativa também foi ajustada para baixo, mas ainda prevê um novo salto até 95%, menor que os 96% previstos anteriormente.
Se confirmadas essas projeções, o país atingirá o maior índice de endividamento desde 2020, quando houve flexibilização das políticas fiscais mundialmente para enfrentar a pandemia da covid-19, cenário em que o endividamento alcançou 96% do PIB.
O FMI calcula um aumento de mais de 11 pontos percentuais na dívida durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse crescimento é menor que o previsto anteriormente pelo Fundo, quando era estimado em 12 pontos percentuais. No governo anterior, de Jair Bolsonaro, houve uma ligeira melhora de quase 1 ponto percentual.
Apesar de reconhecer uma desaceleração na deterioração fiscal, o FMI alerta para o risco contínuo de piora das contas públicas. O relatório aponta que a dívida poderá atingir 97% do PIB em 2027 e 98,1% em 2030, fim do próximo mandato presidencial.
O indicador de dívida pública, que é crucial para a avaliação da solvência do país, é calculado pelo FMI incluindo os títulos do Tesouro detidos pelo Banco Central, o que difere dos critérios usados no Brasil, assegurando comparabilidade internacional.
Perspectivas para as metas fiscais
Em relação às metas fiscais, o FMI manteve suas projeções pessimistas publicadas em abril. Para este ano, espera-se um déficit primário de 0,6% do PIB, aumentando para 0,2% em 2024, e não há previsão de retorno ao superávit durante o mandato do atual governo.
O governo federal sofreu revés ao perder uma medida provisória que buscava alternativas para o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o que influenciou na ausência do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nas reuniões do FMI, devido a compromissos oficiais no país.
Fernando Haddad negou rumores sobre alteração na meta fiscal para 2025, que prevê superávit primário de 0,25% do PIB, e está em tratativas para apresentar cenários fiscais ao presidente do Senado.
O FMI não espera que o governo obtenha superávit primário em 2026, projetando um déficit de 0,4% do PIB. A retomada do equilíbrio fiscal, de acordo com o Fundo, deverá ocorrer no próximo governo, com expectativa de superávit de 0,3% em 2027 e melhora progressiva até atingir 1,4% do PIB em 2030.

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