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Fracassam negociações para acordo global sobre poluição por plástico
Não será assinado um acordo global para combater a poluição causada pelo plástico em Genebra: após dez dias de intensas negociações, não houve consenso, representando uma derrota significativa para o meio ambiente e a diplomacia.
O representante da Noruega, que liderava um grupo de países buscando um tratado rigoroso para proteger o meio ambiente e a saúde humana, confirmou que não haverá acordo sobre um tratado relacionado à poluição por plástico neste encontro com 185 países.
Luis Vayas Valdivieso, embaixador do Equador e presidente das negociações, apresentou duas versões de um texto rascunho em um curto intervalo, mas os líderes das delegações não conseguiram concordar sobre o documento, embora tenha havido avanços na redação.
O texto continha mais de 100 pontos precisando de revisão e aprovação e foi considerado uma base aceitável para negociação, segundo fontes próximas ao processo. No entanto, na reunião final, não houve consenso, frustrando representantes de vários países que lamentaram a perda de uma oportunidade histórica.
Muitos delegados expressaram desapontamento, e a representante de Fiji destacou que este fracasso prejudica a cooperação internacional. Agnès Pannier Runacher, ministra francesa da Transição Energética, criticou países que, motivados por interesses econômicos imediatos, impediram um tratado ambicioso que visa proteger a saúde pública e a sustentabilidade.
Durante as discussões, houve um confronto claro entre os países que apoiam medidas rigorosas para reduzir a produção de plástico e controlar substâncias nocivas, incluindo a maioria dos países da América Latina, União Europeia, Canadá, Austrália, várias nações africanas e ilhas, e os países que dependem da produção de petróleo, que rejeitam qualquer restrição significativa.
Esses países ligados à indústria petrolífera se opuseram à abordagem que considera todo o ciclo de vida do plástico — desde sua fabricação derivada do petróleo até seu descarte.
A China, maior produtora mundial de plástico, embora tenha assinado documentos iniciais com este grupo, manteve uma postura discreta durante as negociações.
Apesar das tentativas em rodadas anteriores, como a de Busan, na Coreia do Sul, o consenso ainda não foi alcançado, enquanto a produção global de plástico continua aumentando. Desde o ano 2000, o planeta produziu mais plástico do que nas cinco décadas anteriores combinadas, em sua maioria descartáveis de uso único e embalagens.
Se nenhuma ação eficaz for tomada, a produção anual, atualmente em torno de 450 milhões de toneladas, poderá triplicar até 2060, conforme dados da OCDE, sendo que menos de 10% desse plástico é reciclado.

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