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França: 10 pessoas serão julgadas por assédio online à primeira-dama
Dez indivíduos, incluindo um professor, um publicitário, um técnico em informática e uma médium, enfrentarão julgamento em Paris ao longo de dois dias por assédio cibernético de caráter sexista direcionado a Brigitte Macron, esposa do presidente da França. Ela foi alvo de informações falsas que circularam globalmente, alegando erroneamente que ela era um homem.
O julgamento no tribunal correcional de Paris ocorre após o casal presidencial ter iniciado processos legais nos Estados Unidos em julho de 2024, buscando reparação por difamação decorrente de anos de rumores e controvérsias amplamente divulgados por redes de conspiracionistas e grupos de extrema direita.
A diferença de idade de 24 anos entre Brigitte e Emmanuel Macron contribuiu para a disseminação desses boatos, que ultrapassaram as fronteiras francesas, com grande repercussão especialmente nos Estados Unidos. Recentemente, o casal tomou medidas legais contra a podcaster de direita extrema Candace Owens, conhecida por suas posições antissemitas e pró-Rússia, e próxima ao movimento trumpista MAGA.
Alguns dos acusados que serão julgados em Paris compartilharam conteúdos da podcaster, que tem milhões de seguidores e criou uma série de vídeos intitulada “Becoming Brigitte” (“Tornando-se Brigitte”).
Entre as publicações compartilhadas estava uma capa falsa da revista Time apresentando Brigitte Macron como “homem do ano”. Outro acusado mencionou que cerca de 2.000 pessoas estariam dispostas a ir “de porta em porta” em Amiens, cidade natal do casal, acompanhados de blogueiros americanos para “esclarecer” a situação.
A investigação foi conduzida pela Brigada de Repressão ao Crime contra Pessoas após denúncia feita por Brigitte Macron em agosto de 2024, resultando em diversas detenções nos meses subsequentes.
Os acusados, com idades entre 41 e 60 anos, são suspeitos de proferir comentários maldosos relacionados ao gênero e sexualidade da primeira-dama, além de acusações que associam a diferença de idade entre o casal à pedofilia, conforme informado pelo Ministério Público de Paris.
O advogado de Brigitte Macron, Jean Ennochi, não revelou se a primeira-dama estará presente no início do julgamento. Entre os réus está o publicitário Aurélien Poirson-Atlan, conhecido como “Zoé Sagan” nas redes sociais, cuja conta no X foi suspensa após várias denúncias. Outra acusada, a médium e jornalista Delphine J., também chamada de Amandine Roy, foi responsável por divulgar o boato de que Brigitte Macron seria na verdade seu irmão, tendo passado por mudança de gênero.
Delphine J. alegou que reagiu apenas a notícias veiculadas e que não enviou mensagens diretamente a Brigitte Macron. Em 2024, foi considerada culpada por difamação e condenada a pagar indenização, embora tenha sido absolvida em recurso recente. Brigitte Macron e seu irmão contestam essa decisão.
Além dos já mencionados, há entre os acusados um funcionário eleito, um galerista e um professor, que podem ser sentenciados a até dois anos de prisão.
Casos semelhantes de desinformação transfóbica atingiram outras mulheres na política mundial, como a ex-primeira-dama americana Michelle Obama, a ex-vice-presidente dos EUA Kamala Harris e a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern.

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