Garimpo ilegal destrói terra indígena e lidera desmatamento no Brasil

O garimpo ilegal tem sido o principal causador da destruição na Terra Indígena (TI) Sararé, localizada em Mato Grosso, que liderou o desmatamento no último ano. Essa atividade criminosa foi responsável por 53% da área afetada entre 2023 e 2024.

As informações são baseadas em um estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que utilizou dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes).

No último ano, a área desmatada devido ao garimpo aumentou 6,5 vezes em comparação ao ano anterior, passando a 2 mil hectares, contra 394 hectares desmatados anteriormente.

A área atingida quadruplicou em um ano, o que pode indicar um crescimento da pressão dessa atividade ilegal, associado à fiscalização insuficiente durante o período, conforme ressalta o Ipam.

Das quatro bacias hidrográficas na TI Sararé, apenas uma não foi afetada pelo garimpo, fato que eleva o risco de contaminação por mercúrio para o povo Nambikwara, habitantes da região.

De acordo com o estudo, entre 2022 e 2023, o garimpo corresponde a 80% da remoção da vegetação na TI. O uso de mercúrio torna essa prática ainda mais prejudicial à saúde humana e ao meio ambiente, superando em danos até a mineração mecanizada, embora ambas sejam ilegais em terras indígenas.

Rafaella Silvestrini, pesquisadora do Ipam, destaca que um ponto alarmante é a expansão do garimpo nas fontes de água da terra indígena. Apenas uma bacia hídrica ficou ilesa, expondo o povo Nambikwara a um nível de contaminação comparável ao que atingiu os povos Munduruku e Yanomami. Segundo ela, é urgente agir para evitar esse cenário.

A pesquisa também revelou que 16% das crianças indígenas da TI Munduruku apresentaram problemas no desenvolvimento neurológico devido à contaminação causada pelo garimpo.

Silvestrini observa que a invasão dos garimpeiros pode estar estimulando outras invasões com diferentes finalidades, já que em 2024 o desmatamento por usos diversos (não relacionados ao garimpo) aumentou consideravelmente, atingindo o maior pico desde 2008.