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GDF desocupa clube para onde levou invasores de hotel de luxo
Grupo pede prorrogação de auxílio-aluguel, de R$ 600 e válido por 1 ano. Governo diz não ter como atender pedido; local é área de preservação.
Policiais militares deram início na manhã desta terça-feira (20) à desocupação do antigo Clube Primavera, para onde o governo havia transferido o grupo que invadiu um hotel de luxo no centro da cidade de Brasília. Os manifestantes são ligados ao Movimento de Resistência Popular e cobram a prorrogação do auxílio-aluguel, que atualmente vale R$ 600 e é pago por até um ano. O GDF diz não ter como atender ao pedido e informou que detectou a construção irregular de casas no local.
“A operação está sendo pacífica. As pessoas entenderam a necessidade de desocupação. Será ofertado o transporte para essas famílias para albergues ou para residências fixas, porque muitos têm casas aqui no DF”, disse o representante da Casa Militar, coronel Cláudio Condi. Ele informou que há 184 agentes de segurança envolvidos, além de 40 servidores de vários órgãos do GDF.
O líder do movimento, Edson Silva, afirmou que o governo quebrou o acordo feito com o grupo. “Mais uma vez o governo está quebrando acordo. Não avisaram nada dessa operação para a gente. Estão entrando aqui desmontando barracos e sem dizer nada. Essa ação é ilegal.”
O Ministério Público havia entrado com ação questionando a ocupação do clube, que fica em área de preservação permanente em Taguatinga. Dados do próprio GDF apontam que 30 casas foram construídas pelo grupo no local. A Polícia Militar informa que, desde a transferência dos manifestantes, em 20 de setembro, tem patrulhado a área. Segundo a corporação, não houve aumento nos índices de criminalidade.
O representante do GDF disse que os manifestantes não conseguiram se organizar enquanto grupo. “Houve uma situação excepcional no momento em que eles invadiram o hotel Saint Peter. Como existem pessoas vulneráveis no grupo, o governo decidiu realocá-los. Houve o cadastramento das famílias, mas o movimento não conseguiu se legitimar como entidade.”
O militante José Jovenilton disse que saiu do acampamento com um grupo por volta das 5h para trabalhar e não havia nenhuma movimentação de polícia no local. “Quando estava no trabalho, vi na televisão o que estava acontecendo e voltei correndo para cá, mas agora eles não deixam a gente passar nem para buscar documentos ou nossos pertences.”
Uma moradora da região que preferiu não se identificar disse que, com a operação de desocupação, terá a vida tranquila novamente. “Essa desocupação é maravilhosa. Era tudo que a gente queria. Desde que eles estão aqui não consigo viver, não durmo direito, o tempo todo vigiando, era tiro toda hora. Nesse período, minha casa foi arrombada e a criminalidade aumentou absurdamente. Isso virou um caos total.”
Maria do Socorro Carvalho mora na rua que dá acesso ao clube. Ela disse que o governo errou ao transferir os militantes para uma área de preservação ambiental.
“Isso foi um erro do governador, de ter colocado eles aqui. Não tinha a menor condição de eles ficarem aqui. Isso não foi culpa só deles”, disse. “Que Deus prepare um lugar para que eles fiquem bem, tenham paz e nós também, porque do jeito que estava não tinha como ficar.”
Muitos curiosos se aglomeraram nos arredores do clube para acompanhar a operação. Todos os acessos à região foram fechados.
Histórico
O hotel invadido pelo MRP é o mesmo que ofereceu emprego de gerente com salário de R$ 20 mil ao ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, condenado no mensalão, e foi palco para o sequestro de um funcionário do ano passado.
A Polícia Militar diz que os manifestantes quebraram a porta de entrada, fizeram barricadas e começaram a invadir os quartos na madrugada de segunda. O grupo ocupava uma área no Setor Bancário Norte havia mais de dois meses, pedindo a prorrogação do auxílio-aluguel de R$ 600. Segundo o GDF, eles não têm mais direito ao benefício.
No dia 7 de setembro, manifestantes do MRP interditaram o Eixo Monumental e queimaram pneus em frente à rodoviária do Plano Piloto em ato por moradia. A maioria dos manifestantes mora nas regiões de Brazlândia, Ceilândia, Planaltina, Recanto das Emas, Samambaia e Santa Maria.
Antes, o grupo ocupou por 70 dias uma área no Setor Bancário Norte, perto da Secretaria de Fazenda.
G1
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