General Heleno, 78 anos, preso sob comando superior

General Augusto Heleno, 78 anos, condenado no processo da trama golpista pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi detido nesta terça-feira e encaminhado para o Comando Militar do Planalto.

Segundo o artigo 73 do Estatuto dos Militares de 1980, militares condenados devem cumprir pena exclusivamente em organizações militares da mesma Força cujo comandante tenha precedência hierárquica superior ao do preso.

Como General Heleno ocupa o mais alto posto na carreira, ele só pode ser alojado em unidades comandadas por oficiais quatro estrelas, como o Comando Militar do Planalto, localizado em Brasília, próximo à Praça dos Cristais e ao Quartel-General do Exército.

Anteriormente chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Heleno recebeu sentença de 19 anos de prisão. Durante o julgamento, sua participação em reuniões no Palácio do Planalto foi evidenciada, nas quais buscavam apoio institucional para medidas excepcionais, sem presença de evidências concretas de irregularidades no processo eleitoral.

As instalações já estão sendo adaptadas para acomodá-lo, incluindo cama, escrivaninha, cadeira e banheiro. Se autorizado pela Corte, poderá também contar com televisão e frigobar.

Militares responsáveis pela preparação afirmam que o espaço será semelhante à sala de Estado-Maior na superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro está detido preventivamente desde sábado, inclusive em termos de dimensões.

Tomás Paiva, comandante do Exército, planeja visitar os generais presos na primeira oportunidade disponível. Ele tem o costume de realizar visitas a oficiais detidos em instalações do Exército, fazendo os devidos questionamentos para garantir tratamento digno.

Com as recentes detenções, o número de oficiais de alta patente encarcerados por envolvimento na trama golpista atingiu o ponto mais alto desde o início das apurações. A repercussão dentro das Forças Armadas será acompanhada de perto pelo Alto Comando, embora a liderança ativa continue a afirmar que não haverá contestação institucional contra as decisões judiciais.