Conecte Conosco

Mundo

Genocídio no Camboja: Sobreviventes comemoram reconhecimento da Unesco

Publicado

em

Sobreviventes do genocídio do Khmer Vermelho no Camboja, ocorrido entre 1975 e 1979, manifestaram sua satisfação neste sábado (12) com a decisão da Unesco de incluir diversos locais memoriais, onde o regime realizava tortura e execuções, na lista do Patrimônio Mundial.

“Estou feliz (…). Isso é para as gerações futuras”, declarou à AFP Chum Mey, um dos poucos sobreviventes da prisão S-21 de Phnom Penh, atualmente o museu Tuol Sleng, um dos locais reconhecidos.

Na prisão S-21 cerca de 15.000 pessoas foram presas, torturadas e assassinadas.

Além do museu Tuol Sleng, o memorial Choeung Ek, conhecido como “Campos da Morte”, e a antiga prisão M-13 foram também adicionados à lista do Patrimônio Mundial na sexta-feira.

Essa decisão “me faz recordar as torturas que vivi”, contou Chum Mey, que atualmente compartilha suas memórias no local que antigamente funcionava como prisão, onde foi espancado, eletrocutado e submetido à fome.

Durante o regime do Khmer Vermelho, dois milhões de pessoas — o equivalente a um quarto da população do Camboja na época — morreram devido a exaustão, doenças, tortura ou execução.

Khuon Sovann, de 82 anos, perdeu mais de 10 familiares no genocídio. Neste sábado, ela visitou Tuol Sleng para prestar homenagem, onde turistas e estudantes percorrem fotos em preto e branco das inúmeras vítimas e os instrumentos usados pelos torturadores.

A decisão da Unesco é positiva e fortalece a preservação do local, disse a idosa, que rezou com a irmã mais velha pelo cunhado falecido.

“Estou feliz que o sofrimento do povo cambojano seja finalmente reconhecido pela comunidade internacional”, ressaltou ela, enquanto fazia oferendas de água e comida em memória das almas dos falecidos diante de um painel com os nomes das vítimas.

A inclusão desses locais na lista do Patrimônio Mundial vai ajudar a conservar Tuol Sleng e a evitar que um regime semelhante volte ao poder no Camboja, afirmou Norng Chanphal, de 55 anos, que retorna diariamente ao S-21, onde foi detido na infância. A mãe dele faleceu lá.

O Ministério da Cultura do Camboja destacou que essa decisão da Unesco representa um reconhecimento dos esforços do país para transformar um território que foi devastado pela guerra e pelo genocídio em um espaço marcado pela paz e dignidade.

Clique aqui para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe um Comentário

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados