Governador da Califórnia critica ausência dos EUA na COP-30: surpresa geral

Gavin Newsom, integrante do Partido Democrata e um dos principais opositores de Donald Trump, está no Brasil para participar de eventos relacionados à COP-30. Ele afirmou na segunda-feira, 10, que a ausência de representantes dos Estados Unidos na conferência é surpreendente e decepcionante.

“O motivo da minha presença aqui (no Brasil) é justamente a falta de lideranças dos EUA. Essa ausência é realmente chocante. Não há nenhum representante, nem mesmo um observador, nem alguém tomando notas do que acontece em Belém”, afirmou. “Temos acompanhado uma retrocessão significativa de boa parte do progresso realizado pelo governo Biden.”

A declaração foi feita durante o Simpósio Global de Investidores em São Paulo, promovido pelo Milken Institute, com foco em sustentabilidade e inovação empresarial. Ao falar sobre as parcerias ambientais da Califórnia, Newsom mencionou que há “uma disputa ideológica em nível federal” nos EUA. “Estamos cometendo muitos erros em nível nacional, mas não no meu estado”, acrescentou.

Quem é Gavin Newsom?

Gavin Newsom foi prefeito de São Francisco entre 2004 e 2011, e atuou como vice-governador da Califórnia de 2011 a 2019. Foi eleito governador do estado mais populoso dos EUA em 2018, vencendo o republicano John H. Cox com mais de 60% dos votos.

Ele enfrentou críticas devido às medidas restritivas durante a pandemia, o que gerou uma tentativa de destituição (recall) em 2021, rejeitada pela população.

No ano seguinte, foi reeleito com quase 60% dos votos para um mandato que termina no próximo ano. Embora não possa concorrer a reeleição, Newsom planeja continuar ativo na política, inclusive cogitando concorrer à presidência em 2028 pelo Partido Democrata.

Em seu site oficial, Newsom ressalta que promoveu o casamento entre pessoas do mesmo sexo no centro do debate nacional enquanto prefeito de São Francisco. Além disso, apoia a regulamentação de armas e o direito ao aborto.

Conflito com Donald Trump

A relação conflituosa com Trump tem aumentado sua visibilidade nacional. Apesar das críticas públicas frequentes desde 2018, a tensão aumentou nos últimos meses, especialmente após o governo federal assumir controle da Guarda Nacional da Califórnia e enviar tropas para repressão em Los Angeles contra protestos contrários às políticas anti-imigração impulsionadas por Trump.

O conflito chegou ao ponto do ex-presidente declarar que apoiaria a prisão do governador. Newsom teve um confronto verbal com Tom Homam, “czar” da fronteira na Casa Branca, que afirmou que qualquer um, incluindo agentes públicos, poderia ser preso se atrapalhasse prisões de imigrantes ilegais. O governador chamou Homam de “intimidador” e o desafiou a “resolver logo a questão”.

Quando questionado sobre o confronto, Trump disse que prenderia Newsom se fosse o Tom Homam. “Eu faria isso se estivesse no lugar dele. Acho ótimo”, declarou. “Gavin gosta de aparecer, mas fez um trabalho ruim.” Mesmo com a diminuição das tensões em Los Angeles, Newsom continua a criticar Trump e questionar sua competência para governar.

Em entrevista à Fox News, Trump afirmou que Newsom “se radicalizou” e que está “ocupando áreas de Los Angeles para construir habitações populares onde antes havia residências de luxo”. Em resposta, Newsom compartilhou no Twitter uma pergunta feita ao ChatGPT: “Pessoas com confusão mental repetem falsidades frequentemente?”