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Governo acompanhava irregularidades no INSS, mas sem saber da fraude

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O ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou nesta segunda-feira (8) que o governo federal já monitorava possíveis irregularidades nos benefícios desde 2023, por meio de denúncias recebidas via ouvidoria e pela plataforma Meu INSS.

Durante seu depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, Lupi ressaltou que o governo não tinha conhecimento exato do tamanho das fraudes.

“Nunca tivemos a capacidade de medir o volume dos crimes que ocorreram no INSS. Isso só foi possível após a investigação aprofundada da Polícia Federal, quando não arquivaram o caso”, declarou Lupi.

Ele lembrou que a Polícia Federal abriu investigações em 2016 e 2020 para apurar fraudes na Previdência, mas ambas foram encerradas sem continuidade.

Lupi garantiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva só ficou sabendo das irregularidades no dia da operação realizada pela Polícia Federal e Controladoria-Geral da União contra descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS.

Na CPMI, o ex-ministro reconheceu que a instrução normativa criada pelo INSS em 2024 para regular os descontos de mensalidades associativas nos benefícios não teve o resultado esperado pelo governo.

“Faltou uma ação mais rigorosa do INSS para impedir essas práticas”, admitiu.

Lupi esteve à frente da Previdência entre 2023 e 2025, e pediu demissão em maio deste ano após a descoberta do escândalo.

Ele destacou ainda que não foi acusado nem mencionado nas investigações.

“Errar é humano e posso ter cometido erros, mas nunca tive má-fé. Nunca protegi desvios. Posso ter lutado mais pelos aposentados do que qualquer outra pessoa”, afirmou.

Empréstimos consignados

Na CPMI, Lupi também defendeu a revisão dos descontos referentes a empréstimos consignados nos benefícios de aposentados e pensionistas.

“É fundamental investigar a fundo esses descontos realizados junto aos beneficiários por meio dos empréstimos consignados. Se acabaram com os descontos associativos em folha, por que não eliminar também os descontos do crédito consignado?”, questionou.

Pedido de suspensão e outros fatos

No início da reunião, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) solicitou a suspensão do senador Rogério Marinho (PL-RN), que foi secretário Especial da Previdência Social no governo de Jair Bolsonaro, alegando conflito de interesse devido ao acesso a documentos sigilosos. O pedido foi negado pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), que argumentou que Marinho não está sob investigação na CPMI. Pimenta informou que recorrerá à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.

A CPMI já aprovou convites e convocações para todos os ex-ministros da Previdência e ex-presidentes do INSS desde 2015, além dos líderes das associações suspeitas de envolvimento nos desvios.

Também foram convocados Antônio Carlos Camilo Antunes, apelidado de “Careca do INSS”, e Maurício Camisotti, apontados pela Polícia Federal como possíveis operadores do esquema de fraudes.

Investigações e impacto

Em abril deste ano, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União lançaram a Operação Sem Desconto para combater um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões.

Estima-se que as entidades investigadas tenham subtraído cerca de R$ 6,3 bilhões de cerca de 4 milhões de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024, muitos dos quais não autorizaram esses descontos.

De acordo com o governo, aproximadamente 2 milhões de beneficiários já concordaram em receber ressarcimento pelos valores indevidamente descontados.

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