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Governo confirma fim do pagamento em dinheiro nos ônibus a partir de julho

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O secretário de Transporte e Mobilidade (Semob), Zeno Gonçalves anuncia que, até o fim do ano, 100% da frota não terá mais o pagamento em espécie. De acordo com o chefe da pasta, a medida vai dar segurança ao usuário e agilidade no atendimento

O secretário de Transporte e Mobilidade (Semob), Zeno Gonçalves, confirmou, na tarde de quinta-feira (16/5), que o pagamento de tarifas dentro dos ônibus do DF deve ser 100% eletrônico até o fim do ano. De acordo com o chefe da pasta, em entrevista coletiva, a partir de 1º de julho, algumas linhas passarão a aceitar somente os cartões Mobilidade e Vale-transporte, crédito e débito, além de QR Code (via Pix).

“Vamos começar com as linhas em que o pagamento em espécie tem o menor percentual. Elas serão divulgadas próximo à data de implantação da medida. Os usuários terão, nas paradas, terminais e nos próprios veículos, a identificação de quais sofreram a alteração”, ressaltou. “A partir do monitoramento da aceitação, por parte do público, iremos ampliando para as demais linhas. A nossa meta é, até o fim do ano, 100% das linhas aderindo ao novo sistema”, avaliou o secretário.

De acordo com Zeno Gonçalves, a intenção é agilizar e melhorar o serviço prestado ao cidadão. “Quando o usuário consegue entrar no coletivo de forma rápida, sem precisar de troco, traz um impacto enorme na viagem, pois a gente ganha no número de trajetos realizados, ampliamos as ofertas, além de darmos mais rapidez no atendimento ao usuário”, explicou.

Um dos questionamentos em relação às mudanças é quanto ao futuro dos cobradores. Procurado pela reportagem, o presidente do Sindicato dos Rodoviários, João Jesus, afirmou que é contrário ao novo sistema. “Vamos defender sempre os postos de trabalho dos cobradores. São 5,3 mil mães e pais de família que dependem desse emprego para garantir o sustento”, comentou.

Segundo o presidente, durante uma audiência pública, em 2 de maio, o secretário não comentou sobre qualquer retirada dos cobradores. “Caso a situação mude, o sindicato vai ‘resistir’. Vamos deixar nossa posição bem clara”, alertou João Jesus, indicando uma possível greve, caso haja algum indicativo de retirada dos cobradores.

Durante a coletiva, Zeno Gonçalves disse que, em princípio, os cobradores continuarão dentro dos ônibus. “Não estamos tratando sobre diminuição dos postos de trabalho. Foi uma determinação do próprio governador Ibaneis Rocha (MDB)”, reforçou. “O cobrador continuará dentro dos ônibus durante essa transição e, no momento em que a linha não tiver necessidade de comercialização, ele passa atuar juntos aos terminais e postos de recarga”, acrescentou.

O gestor também comentou sobre possíveis problemas na hora da realização dos pagamentos. Segundo ele, o passageiro não vai deixar de fazer a viagem, caso isso aconteça. “Tivemos uma reunião com as áreas de tecnologia das operadoras e fizemos testes de estresse de sistema, em que os resultados de conectividade ficaram acima dos 99%”, observou. “Isso foi monitorado ao longo de meses, justamente para chegar neste momento de maturidade, implantando o sistema dentro de uma margem mínima de problemas de conexão”, afirmou o secretário.

Preocupação

Presidente da Comissão de Transporte de Mobilidade Urbana (CTMU) da Câmara Legislativa (CLDF), o deputado Max Maciel (PSol) disse ao Correio que está acompanhando a situação. “Enviamos à Semob uma indicação, sugerindo a disponibilização massiva de pontos de recarga e emissão do cartão Mobilidade”, afirmou. “Também iremos enviar um ofício solicitando informações sobre o cronograma de implantação do V6 por parte das concessionárias (assim como a sua homologação e treinamentos necessários), ações de comunicação para a população sobre o tema (para evitar que a população seja pega de surpresa e tenha o direito de uso ao transporte público afetado) e se há previsão de reforço nas equipes e horários de atendimento do BRB Mobilidade”, detalhou o distrital.

Correio também ouviu passageiros que utilizam os ônibus diariamente no DF. Para a copeira Suely Vidal, 58 anos, a mudança é totalmente negativa. “Tem muitas pessoas que só têm o dinheiro como forma de pagamento. Como elas vão ficar?”, questionou a moradora de Samambaia. “Tenho o cartão vale-transporte, mas não posso usar aos fins de semana, e só me sobra o dinheiro como opção”, comentou.

Enquanto isso, o estudante Danilo Simões, 23, afirmou que existe um lado bom e outro ruim na mudança. “Tirando o dinheiro dos ônibus, vai diminuir a quantidade de assaltos e até mortes de cobradores. Só que por outro lado, quem não tem outra forma de pagamento, como uma pessoa em situação de rua, vai ficar impossibilitada de andar de ônibus”, pontuou o morador do Riacho Fundo.

Correio Braziliense

 

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