Economia
Governo considera possível ligação de Lula a Trump, mas teme desrespeito

A possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, fazer uma ligação para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está sendo considerada, porém ainda não foi tomada nenhuma decisão definitiva, de acordo com fontes do governo brasileiro.
Segundo assessores do Palácio do Planalto, Lula só iria tomar essa iniciativa após tentar todas as opções possíveis para negociar a isenção da sobretaxa de 50% que começará a valer nesta sexta-feira sobre exportações brasileiras.
O comportamento do governo americano desde que Trump assumiu em janeiro deste ano tem sido um fator que desencoraja o contato direto entre os presidentes. Em novembro de 2024, Lula enviou uma carta a Washington parabenizando Trump pela vitória eleitoral. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também parabenizou o secretário de Estado, Marco Rubio, após sua aprovação no Senado dos EUA, mas não houve resposta em ambos os casos.
A equipe brasileira teme que Lula possa ser tratado com desrespeito, lembrando que Trump já humilhou outros líderes em audiências públicas, como os presidentes Volodymyr Zelensky da Ucrânia e Cyril Ramaphosa da África do Sul.
Desde ontem, o ministro Mauro Vieira está em Nova York aguardando um contato das autoridades americanas para uma conversa de alto nível em Washington. Ele participou de uma reunião da ONU sobre a situação na Palestina e deve retornar a Brasília na tarde desta terça-feira.
Diferente do tratamento dado a outros países que sofreram a sobretaxa dos EUA, Trump justificou a tarifa ao Brasil citando o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. O Brasil rejeita discutir questões relacionadas ao Judiciário brasileiro nas negociações.
Integrantes do Palácio do Planalto e do Itamaraty afirmam que estão abertos a debater as tarifas no comércio bilateral. Os EUA também devem incluir em pauta seus interesses em minerais críticos e estratégicos, como lítio, nióbio e terras raras, além da regulamentação das grandes empresas de tecnologia. No entanto, as conversas permanecem paralisadas.
Auxiliares de Lula avaliam que, a poucos dias da entrada em vigor da sobretaxa, o cenário está cada vez mais incerto tanto para o Brasil quanto para outros países que tentam negociar com os EUA. Uma surpresa recente foi a reação negativa de alguns países da União Europeia (UE) após o acordo entre o bloco e Washington.
O governo americano está adotando uma estratégia de negociação que afeta não apenas economias, mas também o ambiente político em geral. França e Alemanha, por exemplo, criticaram o acordo que prevê a plena abertura do mercado europeu a produtos americanos e a aplicação de uma tarifa de 15% para bens da UE.

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