Brasil
Governo critica bloqueio no plenário e chama ato de chantagem

Parlamentares que apoiam o governo condenaram a ação de deputados e senadores da oposição que ocuparam as mesas diretoras nos plenários, impedindo as atividades legislativas desta terça-feira (5). O vice-líder da maioria no Congresso Nacional, Lindbergh Farias (PT-RJ), comparou o bloqueio ao ocorrido em 8 de Janeiro e declarou que essa postura é “inaceitável”.
“Ninguém pode interromper à força a atividade parlamentar e os trabalhos legislativos. Isso é a continuação de um processo de golpe. É mais um ataque às instituições”, afirmou.
Para o deputado, o gesto representa “uma chantagem contra o país”.
Lindbergh mencionou que conversou com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que estava em compromisso na Paraíba e já retorna a Brasília diante da situação de crise. “É responsabilidade do presidente desta Casa restabelecer o controle e a ordem. O ocorrido foi como um sequestro do parlamento”, ressaltou.
Na terça-feira, logo após a decisão pela prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, a oposição, reunida no Congresso Nacional, ocupou as mesas diretoras dos plenários do Senado e da Câmara. Eles anunciaram que permanecerão nos locais até que os presidentes das casas legislativas incluam em pauta a anistia geral e irrestrita para os condenados por tentativa de golpe de Estado.
O grupo também reivindica que seja pautado o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o fim do foro privilegiado — dessa forma, Bolsonaro não seria julgado pelo STF, mas pela primeira instância.
Punição
Deputados da base do governo defenderam que os parlamentares que participaram da obstrução sejam punidos por desrespeitar o regimento e interromperem o funcionamento da Casa. Pedro Campos (PSB-PE) lembrou que a pauta de votações é definida pelo Colégio de Líderes, que já rejeitou a inclusão da anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro.
O deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ) classificou o ato como grave e reforçou que os parlamentares devem ser responsabilizados. “Cada um deles será avaliado pelo Conselho de Ética. Já tentamos abrir a sessão diversas vezes e eles estão impedindo. Se fossem maioria, o que não são, ou minoria, como são, eles não teriam esse direito”, comentou.
Lindbergh ressaltou que existem temas importantes para votação, que impactam a economia e a vida da população, como a isenção do imposto de renda para quem recebe até cinco salários-mínimos. “O Brasil não pode perder tempo”, disse.
“É fundamental que a população entenda o que se passa aqui. Parlamentares que querem defender os interesses de uma única família — o ex-presidente que planejou um golpe contra a democracia, com planos para assassinar o presidente e o vice-presidente — acima dos interesses da população brasileira. Esta não é a casa da família Bolsonaro, é a casa do povo e da democracia. O trabalho deve continuar”, declarou a deputada Erika Hilton (PSOL-SP).

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