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Governo de El Salvador expulsa ONG que combate corrupção

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A ONG Cristosal, conhecida por investigar casos de corrupção e denunciar abusos de direitos humanos em El Salvador, foi obrigada a sair do país devido à repressão promovida pelo governo de Nayib Bukele contra ativistas de direitos humanos, conforme relataram membros da organização à AFP nesta quinta-feira (17).

A Cristosal, que critica fortemente a política de segurança de Bukele e apoia famílias de 252 venezuelanos deportados dos Estados Unidos e detidos em uma prisão para membros de gangues em El Salvador, planeja anunciar sua saída em uma coletiva de imprensa na Cidade da Guatemala.

Fundada há 24 anos por bispos anglicanos, a organização atua também na Guatemala e em Honduras. A decisão de operar fora de El Salvador ocorre dois meses após a prisão da renomada advogada salvadorenha Ruth López, chefe da unidade anticorrupção da Cristosal.

López, considerada uma “prisioneira de consciência” pela Anistia Internacional, foi detida em 18 de maio acusada de enriquecimento ilícito pelo Ministério Público, controlado pelo governo. Entidades de direitos humanos acreditam que sua prisão integra um plano do presidente para calar as críticas e enfraquecer ONGs defensoras dos direitos humanos.

Custos de denunciar abusos

Noah Bullock, diretor da Cristosal, afirmou que a organização sofre frequentes ataques por parte de simpatizantes do governo nas redes sociais.

“É evidente que defender os direitos humanos em El Salvador traz consequências severas, incluindo o risco de prisão”, declarou Bullock em entrevista recente à AFP.

Em abril, a polícia visitou as instalações da Cristosal, em Santa Tecla, próximo a San Salvador, fotografando o local e veículos de jornalistas pouco antes de uma coletiva de imprensa sobre os venezuelanos deportados.

Nos últimos meses, outras quatro pessoas críticas ao governo, incluindo ativistas e advogados, foram presas.

Uma pesquisa da Universidade Centro-americana revelou que seis em cada dez salvadorenhos têm medo de expressar críticas ao presidente ou seu governo, temendo retaliações como prisões.

Contexto político

Bukele foi reeleito em fevereiro de 2024, apoiado pela aprovação popular de sua campanha contra as gangues que diminuiu significativamente a criminalidade.

Essa ofensiva é sustentada por um estado de emergência instaurado desde 2022 que, segundo grupos como a Cristosal, viola direitos devido à suspensão de garantias legais e permite detenções sem mandado judicial, entre outras medidas controversas.

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