Conecte Conosco

Brasil

Governo de SP teme desinteresse de investidores em projetos de geração elétrica

Publicado

em

O secretário de Energia do estado de São Paulo, João Carlos Meirelles, teme que o atual modelo do setor elétrico brasileiro possa afugentar investidores interessados em construir usinas hidrelétricas no País. O temor tem origem no atual impasse envolvendo o indicador de geração hídrica, conhecido pela sigla GSF, e a concessão de liminares que limitam a 5% da oferta de energia o possível impacto financeiro aos geradores. Sem tais liminares, os geradores seriam obrigados a assumir o impacto integral oriundo do déficit de geração, uma conta que, segundo os geradores, pode chegar a R$ 20 bilhões no ano.”Falamos de uma restrição de 5%, um nível que pode ser absorvido pelos investidores. Do contrário, se não houver esse limite, você acaba com o investimento em hidrelétricas”, alerta Meirelles.

O secretário paulista salienta que, em sua visão, o problema enfrentado neste momento pelos geradores é explicado pela necessidade de acionamento das térmicas, de forma a preservar o atual volume de água dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras, e não por problemas operacionais das empresas. Como a geração hidrelétrica tem ficado quase 20% abaixo do previsto em contratos de compra e venda de energia, as hidrelétricas são obrigadas a comprar no mercado de curto prazo volume equivalente de energia, a custos mais elevados.

A Cesp, estatal controlada pelo governo de São Paulo, foi uma das empresas que ingressou com mandato de segurança solicitando liminar que limite a 5% do déficit o impacto do GSF. Após uma derrota em primeira instância, a companhia recorreu e aguarda uma vitória em seu recurso, dado que outros geradores já obtiveram decisão favorável sobre o tema.

Entretanto, ao liminar em 5% do déficit o impacto para os geradores, a Justiça cria uma conta a ser rateada por outros membros do mercado elétrico não detentores de tal decisão judicial. Os consumidores finais podem vir a ser impactados com tal medida.

Meirelles, entretanto, alerta que o governo federal precisa encontrar outra alternativa que não resulte em nova elevação das tarifas. “Não queremos adicionar custo à energia. O governo federal precisará prover recurso de um fundo que possibilite um prazo de carência”, disse o secretário, após relembrar o modelo adotado pelo governo no ano passado, quando foram costurados empréstimos bancários bilionários às distribuidoras de energia. O pagamento desse empréstimo será realizado ao longo dos anos, de forma a mitigar o impacto nas tarifas de energia.

O custo de geração além dos 5% solicitados pelos geradores seria honrado a partir desses recursos, de forma a garantir o alongamento do desembolso pelos consumidores.

Leilão

O secretário também revelou na manhã desta quarta-feira, ao participar da abertura da feira EnerSolar 2015, que o governo de São Paulo não cogita mais a realização de um leilão local para a contratação de energia gerada em projetos de fontes renováveis. O projeto pensado no passado, segundo Meirelles, tinha como origem a não realização de leilões com esse perfil por parte do governo federal. Essa situação já não existe mais.

“Hoje não vemos mais a necessidade de realização, mas se ela houver, podemos fazer. Mas acredito que essa necessidade não vai ocorrer mais”, avaliou Meirelles.

AE

Clique aqui para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe um Comentário

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados