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Governo escolhe vice-presidente após derrota na CPI do INSS

A CPI do INSS começou seus trabalhos nesta terça-feira (26), após uma derrota significativa para a base governista na semana anterior, quando a presidência da comissão ficou com o senador Carlos Viana (Podemos-MG). Apesar disso, os governistas conseguiram eleger o deputado Duarte Júnior (PSB-MA) como vice-presidente.
Na mesma sessão, os primeiros pedidos para convocação de depoimentos foram preparados para votação. Algumas das testemunhas propostas são consideradas sensíveis, incluindo o irmão do presidente Lula, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, que é vice-presidente de um sindicato.
Em seu discurso, Duarte Júnior destacou que pretende atuar com “isenção técnica”.
— Não estamos aqui para proteger criminosos, mas para investigar e garantir que a punição seja aplicada a quem cometer crimes, independentemente de ser da direita ou da esquerda — afirmou ele.
A comissão foi formada em um momento em que o governo enfrenta desgaste devido a derrotas recentes no Congresso, buscando evitar que a investigação se transforme em um confronto direto entre aliados e opositores. Antes mesmo da votação dos primeiros requerimentos, a CPI já acumula 910 pedidos pendentes de análise. Entre os requerimentos previstos para esta terça estão convocações relacionadas aos governos Lula e Bolsonaro, além de pedidos para acesso às investigações sobre fraudes.
A derrota do governo na eleição para presidência da CPI foi evidenciada pela vitória de Carlos Viana, com o apoio da oposição, que indicou Alfredo Gaspar (União-AL) para relator. Isso surpreendeu a base governista, revelando fragilidades na sua articulação, mesmo mantendo a maioria numérica na comissão. Inicialmente, a base governista buscava acordos para que Omar Aziz (PSD-AM) assumisse a presidência e Ricardo Ayres (Republicanos-TO) a relatoria, mas seus planos foram contrariados pela oposição.
Além da disputa pelos cargos, o governo monitora a agenda da comissão e tenta influenciar o calendário das reuniões, que atualmente são realizadas às segundas e quintas-feiras, dias em que Brasília tem menor movimento. A estratégia inclui conversas com senadores independentes, análises jurídicas para restringir convocações e esforços para evitar depoimentos como o de Frei Chico.
José Ferreira da Silva, irmão do presidente Lula, é ligado ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), que foi mencionado em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) em investigações sobre possíveis fraudes. Apesar disso, Frei Chico não está sendo investigado, e o sindicato nega irregularidades. Não há pedido de convocação dele na pauta desta sessão.
O governo também tenta avançar com requerimentos importantes para convocar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o senador e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, mas esses pedidos não estão na pauta de hoje e podem enfrentar dificuldades para serem aprovados.
A CPI do INSS representa um teste para a capacidade de articulação do governo, que precisa equilibrar a defesa de aliados, evitar desgastes políticos desnecessários e controlar o fluxo de informações e documentos à medida que a comissão coleta depoimentos. Para os aliados do Planalto, o principal desafio é impedir que a investigação seja usada como instrumento de pressão política contra o presidente Lula e sua base, mantendo ao mesmo tempo uma imagem de transparência e legitimidade no processo.

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