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Governo francês enfrenta crise e pode cair

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O Parlamento francês deve derrubar nesta segunda-feira (8) o segundo governo em menos de um ano, agravando a crise política em um país fundamental para a União Europeia (UE), onde o foco está no presidente Emmanuel Macron.

Desde a antecipação das eleições legislativas de 2024, a França passa por uma instabilidade política profunda, com maiorias instáveis no Parlamento e uma dívida pública alta, atingindo quase 114% do PIB.

O episódio mais recente dessa crise é a possível queda do primeiro-ministro, François Bayrou, após sua tentativa de aprovar um plano de cortes orçamentários para 2026.

Às 15h00 (10h00 de Brasília), o centrista de 74 anos fará um discurso na Assembleia Nacional antes da votação de uma moção de confiança, que ele mesmo solicitou e que já é vista como perdida.

Parlamentares da oposição, da extrema direita e da esquerda, anunciaram que votarão contra o premiê. Deputados do partido conservador Os Republicanos (LR), aliado de Macron, também podem votar contra.

Se o governo for derrubado, Bayrou apresentará sua renúncia ao presidente, tornando-se o terceiro governo a cair em votação desde a fundação da Quinta República em 1958.

O dilema do presidente

Ciente da iminente queda, Bayrou planeja reunir seu gabinete para um momento de descontração após a votação. Manifestações estão previstas em várias cidades para comemorar a possível queda do governo.

O anúncio do plano de cortes, que incluía a redução de feriados, reacendeu o descontentamento social na França. Para quarta-feira (10) estão marcados protestos com o lema “Vamos bloquear tudo”.

 

Macron enfrenta a decisão de convocar novas eleições legislativas antecipadas ou nomear um novo primeiro-ministro, após as tentativas frustradas com o conservador Michel Barnier e agora com Bayrou.

Ambas as opções trazem riscos. O especialista Mathieu Gallard, do instituto Ipsos, destaca que nenhum dos três blocos políticos possui maioria suficiente para governar sozinho.

A líder da extrema direita, Marine Le Pen, favorável a eleições rápidas, não poderia se candidatar devido a uma inelegibilidade.

O novo primeiro-ministro terá o desafio de unir os pedidos da oposição. Macron sugeriu estender a mão aos socialistas para buscar estabilidade.

Entre os nomes cotados para substituir Bayrou estão os ministros da Defesa, Sébastien Lecornu, da Economia, Éric Lombard, da Justiça, Gérald Darmanin, e da Saúde, Catherine Vautrin.

Riscos para a França

Em 2024, Macron demorou quase dois meses para nomear Barnier, mas a futura nomeação pode ser mais rápida diante da instabilidade política que também impacta os mercados financeiros.

Na próxima sexta-feira, a agência Fitch anunciará a nova classificação da dívida soberana da França. Em março, advertiu que reduziria a nota se o governo não apresentasse um plano confiável para diminuir a dívida.

O plano de cortes do governo de Bayrou, considerado inviável, prevê 44 bilhões de euros em reduções. A oposição socialista propõe cortes pela metade, acompanhados de aumento de impostos para os mais ricos.

A queda do governo pode levar Macron a renunciar, embora seu mandato vá até 2027. O presidente descartou essa possibilidade, que conta com apoio de 64% dos franceses, conforme pesquisa recente da Odoxa-Backbone, e é defendida pela esquerda radical.

Os nove meses de governo de Bayrou foram marcados por escândalos, incluindo alegações de abusos físicos e sexuais durante décadas na escola católica Bétharram, onde estudaram seus filhos.

Uma comissão parlamentar criticou sua falta de ação para interromper as agressões quando foi ministro da Educação nos anos 1990. Bayrou chamou a acusação de “tribunal político”, desagradando as vítimas.

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