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Governo mantém conflito, Gleisi busca diálogo com líderes
Enquanto uma parte do governo insiste em um discurso de confronto com o Congresso, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, está trabalhando para reatar o diálogo com os líderes na Câmara.
Alguns membros do Centrão já indicam interesse em superar o impasse e sentar para conversar com o governo, desde que o Palácio do Planalto não recorra ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar alterar a decisão do Legislativo que revogou o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Para esses líderes, o governo deve também assumir compromissos com medidas de ajuste fiscal.
Desde que o decreto do IOF foi revogado, o governo tem adotado um discurso de defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltando que ele está promovendo justiça tributária. Nas redes sociais, a narrativa utilizada é de “nós contra eles” e a defesa dos mais vulneráveis.
No entanto, dentro do governo, o Planalto tem se esforçado para recuperar terreno. Gleisi entrou em contato com líderes do Centrão após a derrota significativa do governo. Eles explicaram que não poderiam impedir o resultado expressivo, pois o aumento de imposto não é aceito por grande parte das bases eleitorais dos deputados. Assessores do presidente Lula confirmam que as conversas frequentes com esses parlamentares continuam mesmo após a derrota na semana anterior.
“O governo precisa entender que nem sempre vamos concordar. Essa postura de confronto não ajuda. Precisamos virar a página e dialogar com o governo. Quero falar com a Gleisi esta semana, estou aberto para negociação. Vamos focar no futuro”, declarou o líder do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes (MA).
Por sua vez, o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), acredita que o governo deve enxergar o corte de gastos como uma forma de conquistar a classe média, que tende a ser mais crítica ao presidente.
“O governo deve discutir contrapartidas. Rever empresas estatais que já não têm mais razão de existir, rediscutir o tamanho do estado com eficiência. Esse é um tema que interessa à classe média, embora tenha resistência em setores do governo. Não houve ruptura no diálogo, foi transmitida apenas a percepção do Congresso de que não há espaço para aumento de impostos. Esse foi o recado político”, afirmou Bulhões.
Com o intuito de garantir avanços nas pautas do governo antes do recesso, Gleisi e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), estão tentando agendar uma reunião com o deputado Arthur Lira (PP-AL), relator do projeto que amplia a isenção do imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil.
Essa proposta é prioridade do governo para o ano, com expectativa de votação do relatório em julho. Os petistas desejam usar esse projeto como bandeira na próxima eleição presidencial.
Lira suspendeu a entrega do parecer sobre a medida. Embora o texto esteja pronto, ele optou por não divulgá-lo no momento, considerando que o ambiente político para a proposta não é favorável.
Enquanto Gleisi mantém o diálogo com o Parlamento, os líderes veem Haddad cada vez menos próximo do Congresso. Parlamentares informaram que essa distância começou no início do ano, com um afastamento progressivo e a impressão de que ele tem dificultado o pagamento de emendas. A revogação do decreto do IOF foi o ponto culminante, visto como uma decisão imposta pelo ministro sem consulta aos deputados.
Ministros com interlocução com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e Gleisi recomendam a ambos que busquem um armistício para baixar a tensão da crise, com gestos conciliatórios de ambos os lados.
Esses assessores próximos ao presidente avaliam que o governo acertou no tom da defesa pública da justiça fiscal e na reação unificada, mas compreendem que o Planalto precisa também mostrar que não pretende manter o clima de hostilidade.
De acordo com fontes, Gleisi e Motta não dialogaram desde a revogação do decreto do IOF pelo Congresso. O Parlamento possui instrumentos para pressionar o governo, como a possibilidade de nomear o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) para relatar a CPMI do INSS.
Representantes da ministra garantem que ela não deseja manter o embate, porém acredita que o debate público sobre os super-ricos arcarem com mais impostos deve continuar. Gleisi tem intensificado as conversas com líderes do Congresso nos últimos dias.

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