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Governo não troca cargos por apoio na eleição da Câmara, diz ministro
O ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas, afirmou nesta tera-feira (20) em café da manhã com jornalistas que o governo não vai condicionar nomeações no segundo e no terceiro escalão a um apoio para o candidato do Planalto na eleição para presidente da Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Chinaglia tem como um dos concorrentes o peemedebista Eduardo Cunha (RJ), visto como um rival da presidente Dilma Rousseff no Congresso.
Reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” desta terça traz uma declaração em que Cunha afirma receber “todos os dias” relatos de deputados sendo abordados pelo Palácio do Planalto com ofertas para apoiar Chinaglia. Segundo o jornal, Cunha diz que o governo tem feito “todo tipo de proposta e de cobranças, incluindo ofertas de cargos”.
No café com jornalistas, Vargas rebateu a acusação e disse que o governo não usa a preferência de parlamentares por Cunha ou Chinaglia como critério para nomeações na máquina pública.
“O governo não está formando as indicações do segundo e do terceiro escalão com base nesse critério, de que se o sujeito apoia o Arlindo ou o Cunha ele pode ou não indicar alguém. Não vai ser esse o critério para indicações”, disse.
Para Vargas, o governo não trabalha na lógica do “toma lá. dá cá”. O ministro afirmou que o segundo e o terceiro escalão vão ser compostos por pessoas indicadas pelos partidos da base e por servidores de perfil técnico.
“É preciso deixar claro que o governo não quer usar essas funções [no segundo e terceiro escalão] para desequilibrar o jogo a favor de quem quer que seja. Uma forma bem transparente de agir. Nós não formamos nosso governo com toma lá, dá cá. O governo vai ser composto por pessoas indicadas por partidos e por pessoas que não foram indicadas por partidos, com perfil técnico. Desconheço governo no mundo que não seja montado dessa forma”, defendeu.
Eduardo Cunha
Pepe Vargas também afirmou que Eduardo Cunha não é o único parlamentar “de peso” na Câmara. O peemedebista tem capitaneado nos últimos meses um grupo de deputados, de oposição ou governistas, que manifestaram insatisfação com o governo. Esse grupo independente chegou a se denominar “blocão”. Pelas atitudes de resistência ao Palácio do Planalto, Cunha é visto como um rival da presidente Dilma Rousseff no Congresso.
“O Eduardo é um parlamentar diligente, trabahador, determinado, funciona do jeito que ele funciona. Não resta dúvida que ele é um parlamentar que tem opinião forte, mas é um dos tantos parlamentares que têm peso na Câmara. Ele não é o único parlamentar que tem peso político na Câmara. Ele é importante, eu respeito, ele vai dar tanto trabalho como outros vão dar trabalho também”, afirmou o ministro.
No café da manhã, Vargas fez questão de lembrar que Cunha integra a base aliada. “Não imaginamos que um parlamentar que integra nossa coalização vá fazer oposição. Não trabalho com esse cenário, de que ele [Cunha] fará oposição”, disse o ministro.
Graça Foster
Durante o café com jornalistas, Vargas foi questionado sobre se a permanência da presidente da Petrobras, Graça Foster, no cargo “enfraquecerá” a empresa. O ministro disse que a estatal não tem risco de quebrar e afirmou que as recentes quedas nas ações da companhia acompanham o ritmo “gangorra” da Bolsa de Valores.
“A Petrobras não tem risco de quebrar. A Petrobras não tem risco nenhum de quebrar. Bom, tem redução do preço do petróleo, mas é no mundo inteiro. Então, a Petrobras não tem risco nenhum de quebrar. Ações da bolsa é isso, é gangorra, ora sobe, ora desce, mas não tem risco nenhum de quebrar”, disse.
Nova CPI da Petrobras
Como fez em outras ocasiões, o ministro das Relações Institucionais, principal articulador das relações entre o governo e o Congresso Nacional, disse não ver necessidade em uma nova CPI para investigar denúncias que envolvem contratos da Petrobras.
Pepe Vargas voltou a dizer que o Brasil tem órgãos de controle “atuantes” e que as comissões de inquérito se tornaram instrumento da oposição.
“A CPI é um instrumento da oposição, obviamente. A oposição sempre quer fazer CPI. Em um país que tem essas instituições, que são instituições que têm como missão institucional combater a corrupção, como MP, CGU, PF, Judiciário e TCU, tem alguém que sustenta que esses órgãos estejam sendo manietados por quem quer que seja para não investigar corrupção?”, indagou.
‘Insatisfações’ no PT
Pepe Vargas rechaçou a tese de que há “insatisfações” no PT com a formação do ministério pela presidente Dilma. Segundo ele, o partido é a legenda “mais fiel ao governo”. Ao negar suposta “crise” no partido, o ministro disse ser “lógico” que parlamentares e legendas busquem “mais espaço” no governo.
Pepe Vargas também disse que o governo não tem preocupações em relação às bancadas do PT no Congresso.
O ministro comentou ainda as críticas da ex-ministra da Cultura e senadora Marta Suplicy ao PT, à presidente Dilma e ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, ela disse que “ou o PT muda ou acaba”.
Para o ministro, o assunto é, do ponto de vista do governo, “vencido”. Porém, “sob a visão do PT”, Vargas defendeu que o diretório estadual do partido em São Paulo e o presidente da legenda, Rui Falcão, procurem Marta Suplicy.
“Eu acho que sou daqueles que acham que o melhor é manter uma conversa com ela, sob o ponto de vista do PT. Acho que o presidente Rui e o diretório estadual de São Paulo deverão conversar com ela. Eu acho que a vida da Marta está no PT. Acho que cada um tem o direito de dizer o que pensa. Mas esse debate tem que ser feito com ela. Se ela vai querer sair do partido, ela que saia. Mas quem vai cuidar disso é a direção do partido”, disse.
Bancos Públicos
Segundo o ministro, o anúncio dos novos presidentes dos bancos públicos, como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), não se dará “no plano imediato.”
Na semana passada, a presidente Dilma se reuniu por mais de três horas e meia com o atual presidente do BB, Aldemir Bendine, no Palácio do Planalto, e, em seguida, com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. As duas reuniões começaram por volta das 15h30 e se prolongaram até as 20h. Os encontros ocorreram separadamente no gabinete de Dilma.
Ano ‘chapa quente’
Pepe Vargas foi questionado ainda sobre se 2015 será um ano “politicamente difícil”. A jornalistas, o ministro ressaltou que haverá ajuste fiscal “pesado” e que não há ano “que não fique chapa quente”.
“Dois mil e quinze vai ser um ano politicamente difícil? Todo mundo sabe que há anos em que o ajuste fiscal é menor, em outros é maior. Esse ano vai ter que ser um pouco mais pesado, isso já estava no cenário. Agora, 2016 será um ano em que a economia deverá ter desempenho melhor que em 2015. Mas não tem ano onde, politicamente, a chapa não fique quente”, disse.
Fonte: G1
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