Manifestantes carregaram faixas e caixões na Rodoviária do Plano Piloto nesta quinta-feira (13) em protesto contra os deputados do Distrito Federal investigados na operação Drácon. O grupo vestia camisas pretas em que se lia “A Câmara Legislativa faz mal à Saúde” e gritava palavras de ordem pedindo “eficiência nas investigações”, para que os parlamentares suspeitos de envolvimento em um suposto esquema de recebimento de propina fossem punidos e expulsos da Câmara.
Por volta das 12h30, o grupo estendeu as faixas na escada principal que liga as plataformas superior e inferior. Às 14h, os 30 manifestantes ainda pretendiam seguir até a Câmara Legislativa.
Segundo os organizadores, os caixões carregados simbolizam a “morte de pacientes vitimados pelos desvios de verba”.
O grupo criou uma paródia da música “Malandramente”, que pede a saída da presidente afastada da Casa, Celina Leão (PPS), e dos ex-membros da Mesa Diretora, Bispo Renato (PR), Julio Cesar (PHS).
Também cobravam o fim do mandato do deputado Cristiano Araújo (PSD) – suspeito de articular o esquema. Na versão, intitulada “Bonde da propina”, os autores acusam os parlamentares de desviarem verbas reservadas às UTIs.
“Pedimos que as investigações sejam efetivas, que não tenha arquivamento dos processos. Queremos que sejam punidos os envolvidos no escândalo”, afirmou a estudante de administração Yasmin Luara.
Depoimento à CPI
O defensor público André Moura depôs à CPI da Saúde da Câmara Legislativa na manhã desta quinta-feira (13). Ele é responsável por defender Liliane Roriz (PTB) nas denúncias relacionadas aos áudios gravados pela deputada, que mostram a articulação de um suposto esquema de recebimento de propina com dinheiro de emendas parlamentares.
Moura disse ter sido “perseguido” em 2009 por defender posicionamento contrário às decisões tomadas pelos governos para a rede pública de saúde do DF. Em diversos momentos do depoimento, ele demonstrou opinião contrária à concessão da gestão da saúde a organizações sociais, “meta do governo Rollemberg”, segundo o deputado Wasny de Roure (PT).
Questionado pelo deputado Agaciel Maia (PR) sobre a culpa dos deputados suspeitos de participarem de um esquema de corrupção na Saúde, o defensor público afirmou que os “fatos são graves” e os parlamentares precisam ser investigados.
Para Moura, o ex-chefe da assessoria de comunicação da Secretaria de Turismo Caio Barbieri foi o “maior injustiçado” na investigação do suposto esquema de corrupção na Saúde. Barbieri foi exonerado em 25 de julho após denunciar o envolvimento de deputados na destinação de R$ 30 milhões em emendas parlamentares para favorecer empresas fornecedoras de leitos de UTI.
Na época, a publicação no Diário Oficial dizia que a exoneração foi feita a pedido de Barbieri, o que ele nega. O ex-assessor foi chamado a depor na CPI da Saúde, que está em funcionamento na Câmara Legislativa, por participar de áudios gravados por Marli.
“Fiz o que qualquer cidadão deve fazer: soube de denúncias de possíveis irregularidades e levei aos órgãos competentes. Cumpri o meu papel. Sempre me encarei como um servidor de Estado, não de governos”, disse Barbieri em nota enviada à época da exoneração.
Barbieri também negou estar envolvido nas denúncias. Ele disse que aparece nas gravações de Marli por fazer perguntas aos grampeados sobre o suposto esquema a fim de cobrar providências do governo. Alegando não ver iniciativa do GDF em investigar o caso, ele afirmou ter procurado o Ministério Público.
Moura aproveitou o espaço para criticar a contratação de organizações sociais para gerir a Saúde do Distrito Federal. O defensor público chegou a afirmar que as instituições que já operam de acordo com este formato são um “desserviço à população”
Estiveram presentes à sessão os deputados Agaciel Maia (PR), Lira (PHS), Wasny de Roure (PT), Luzia de Paula (PSB) e o presidente da CPI, Wellingotn Luiz (PMDB).
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