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Guerra na Faixa de Gaza completa 1 ano: relembre principais momentos do conflito
Um ano se passou e o conflito não dá sinais de que irá acabar tão cedo; pelo contrário, nas últimas semanas a guerra tomou proporções ainda maiores com a expansão do conflito no Líbano
A guerra na Faixa de Gaza completa um ano nesta segunda-feira (7). Um ano se passou e o conflito não dá sinais de que irá acabar tão cedo. Pelo contrário, nas últimas semanas a guerra tomou proporções ainda maiores com a expansão do conflito no Líbano.
Ataques de 7 de outubro
Seis e vinte e nove da manhã e os primeiros foguetes são lançados pelo Hamas em direção ao território israelense.
Ao mesmo tempo, combatentes do grupo radical cruzam a fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel.
Militantes do Hamas, fortemente armados, invadiram vários kibbutzin, pequenas comunidades no sul do país. As casas foram saqueadas e os moradores executados. Muitos dos que sobreviveram foram sequestrados.
Na mesma manhã, um dia de festa se tornou um pesadelo para centenas de jovens, quando foguetes atingiram o festival Supernova de música eletrônica.
O evento acontecia a apenas cinco quilômetros de distância de Gaza. O local também foi invadido pelos combatentes do Hamas e jovens que participavam do evento foram mortos ou sequestrados.
As imagens desse festival marcaram os primeiros dias e meses dessa guerra.
Ao todo, 1200 israelenses morreram nos ataques, muitos deles foram espancados e torturados até a morte.
A ação brutal também gerou o sequestro de 250 pessoas, incluindo estrangeiros, que foram levados como reféns para Gaza. Parte deles segue sob o domínio do Hamas.
Diante do pior ataque já sofrido pelo por Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou guerra contra o Hamas. “Cidadãos de israel, estamos em guerra, não em operação ou em uma rodada (de combates), mas em guerra”, disse Netanyahu.
Início da guerra e situação humanitária
Nas horas seguintes dos ataques coordenados do Hamas, começaram os primeiros bombardeios na Faixa de Gaza.
Palestinos tiveram que fugir às pressas. A ofensiva contra o Hamas evoluiu para uma grande operação com ataques aéreos e por terra em todo o enclave.
O objetivo, segundo o governo de Netanyahu, era resgatar os reféns e destruir o grupo radical.
Com o início da guerra, o enclave foi totalmente isolado. Apenas estrangeiros eram autorizados a deixar a Faixa de Gaza.
Os primeiros dias da guerra foram marcados pela superlotação da passagem de Rafah, daqueles que buscavam deixar Gaza por meio do Egito.
O isolamento gerou preocupação mundial com apagões, falta de água, comida e medicamentos.
Ao longo dos meses, ataques atingiram escolas, hospitais, e campos de refugiados. O Exército de Israel afirma que os prédios abrigavam túneis do grupo palestino.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, órgão controlado pelo Hamas, mais de 41 mil pessoas morreram em ataques israelenses no último ano, e outras 96 mil ficaram feridas.
Quase toda a população da Faixa de Gaza já foi deslocada pelo menos uma vez. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 2,3 milhões foram deslocados em um ano de conflito.
Segundo a ONU, mais de 1 milhão de pessoas já enfrentaram a fome. Na falta de comida, equipes da CNN, no local relatam que algumas famílias passaram a comer grama.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que doenças como catapora, meningite e outras infecções se espalharam por causa da água contaminada.
Uma rara pausa nos combates permitiu que a ONU fizesse uma campanha de vacinação contra a poliomielite em setembro de 2024. A medida veio após Gaza registrar o primeiro caso em 25 anos.
Quase 530 mil crianças foram vacinas durante o processo, a meta, no entanto, é de 640 mil palestinos com até 10 anos.
Envio de ajuda humanitária é escasso e insuficiente
A ONU alega que Israel dificulta a entrega de comida e remédios, algo que o governo israelense nega.
Em fevereiro de 2024, 112 pessoas morreram e 760 ficaram feridas após tropas das Forças de Defesa de Israel abrirem fogo enquanto civis palestinos famintos se reuniam em torno de caminhões de ajuda alimentar.
Em março, pacotes de ajuda humanitária lançados com paraquedas de um avião em movimento despencaram, matando 5 pessoas e ferindo 10 em um campo de refugiados.
Um píer flutuante construído pelos Estados Unidos para entregar ajuda ao enclave encerrou as operações depois de duas semanas em funcionamento após danos estruturais. O píer, estimado em US$ 320 mil, conseguiu entregar apenas 137 caminhões com ajuda.
E um escândalo envolvendo a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) gerou ainda mais problemas para a operação de auxílio humanitário.
Após denúncias de Israel, a agência confirmou que nove funcionários podem estar envolvidos nos ataques de 7 de outubro do Hamas. O caso gerou a retirada de ajuda de dezenas de países ao redor do mundo.
Reféns em Gaza e acordo de cessar-fogo
Em um ano de guerra, 117 reféns foram libertados em acordos que envolveram a troca de prisioneiros palestinos ou em operações de resgate dos militares de Israel.
Mais de 100 reféns continuam presos em Gaza. Deste total, 34 são considerados mortos, mas os corpos continuam no território palestino.
A questão é o principal fator de insatisfação da população israelense, que faz protestos semanais exigindo um acordo de cessar-fogo e a libertação de todos os reféns.
As negociações pelo fim da guerra são mediadas pelos Estados Unidos, Catar e Egito. Delegações de Israel e do Hamas já viajaram inúmeras vezes ao Cairo para discutir um acordo.
Mas a proposta sofre impasses há meses. O Hamas pede por um cessar-fogo permanente e a reconstrução do território. Já Israel diz que só irá acabar com a guerra quando o Hamas for destruído.
Na esfera diplomática, o Conselho de Segurança da ONU aprovou três resoluções pedindo um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns. Até mesmo líderes de países aliados a Israel, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediram o fim das hostilidades.
Expansão do conflito
No dia 31 de julho, o Hamas disse que o líder político do grupo, Ismail Haniyeh, foi morto em uma viagem à capital iraniana.
A morte de Haniyeh foi o estopim para o início de um conflito ainda maior.
Os bombardeios entre Israel e o Hezbollah, grupo militante libanês apoiado pelo Irã e aliado do Hamas, se intensificaram.
Semanas depois, o Líbano passou a ser o palco dessa guerra. Em 17 de setembro, milhares de pagers explodiram em todo o país. No dia seguinte foram os walkie-talkies.
Os ataques relacionados aos integrantes do Hezbollah ascenderam um alerta da comunidade internacional.
Dez dias depois, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, foi morto em um ataque israelense a Beirute.
A ação foi um duro golpe para o grupo libanês. O país vem sendo alvo de constantes ataques israelenses, principalmente contra a capital Beirute.
Mais de 1 milhão de pessoas foram deslocadas devido ao conflito e centenas estão deixando o país em busca de um lugar seguro.
Na fronteira entre Israel e Líbano já há confronto por terra.
A guerra israelense contra o Hamas e o Hezbollah elevou a tensão entre Israel e o Irã, principal apoiador dos dois grupos, a um nível de perigo sem precedentes.
O risco de um conflito regional no Oriente Médio passou a ser cada vez mais alto, segundo analistas.
No episódio mais recente da escalada, o Irã lançou centenas de mísseis em direção ao território israelense.
Segundo os líderes iranianos, essa é apenas uma parte do poder bélico do país. Israel afirmou que o ataque iraniano foi um erro, e prometeu uma resposta surpresa de consequências sérias.
Enquanto a comunidade internacional pede calma e contenção, a mensagem de Netanyahu é clara: “Não há nenhum lugar no Oriente Nédio que Israel não possa alcançar”.
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