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Hacker pagou 300 reais para acessar sistema da polícia

A investigação realizada pelas polícias civis de São Paulo e Pernambuco revelou mais um esquema da organização criminosa digital conhecida como Country. A apuração mostrou que o grupo, liderado por Cayo Luas Rodrigues dos Santos — também conhecido como Lucifage e F4llen — obtinha acesso e vendia informações dos sistemas da Secretaria de Desenvolvimento Social de Pernambuco (SDS-PE) e de outras instituições governamentais.
Para conseguir esse acesso, a organização pagou R$ 300 a um usuário da comunidade Country no Telegram para obter uma chave de entrada. A Secretaria de Desenvolvimento Social de Pernambuco declarou que está investigando o incidente.
A descoberta foi feita durante uma operação no dia 25, quando as equipes policiais localizaram Cayo Lucas na Rua Redenção, em Olinda, acompanhado de um adolescente de 17 anos, seu associado na coordenação das ações criminosas do Country.
Na residência onde o menor mora com os pais, foi constatado que o computador usado pela dupla estava conectado ao sistema da SDS-PE. Foram encontradas conversas em aplicativos como WhatsApp e Telegram que indicavam a venda de dados públicos oriundos desse sistema e de outros órgãos oficiais.
Essa situação confirma a especialização de Cayo Lucas na comercialização de acessos a sistemas governamentais de diferentes estados, incluindo departamentos policiais do sudeste e nordeste, órgãos do Judiciário e da área da Saúde.
Sensação de impunidade
Cayo se destacava pela habilidade técnica em invadir, alterar e fraudar sistemas de alta segurança. Ele conseguia, por exemplo, inserir mandados falsos de prisão no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), aplicar multas indevidas e criar dívidas falsas no Serasa, além de registrar óbitos fraudulentos junto à Receita Federal.
Na operação realizada em Pernambuco, Cayo e o adolescente foram presos em flagrante, e a prisão preventiva foi decretada posteriormente, sem prazo definido.
A reiteração criminal do líder Cayo é notória, já tendo sido alvo de uma operação da Polícia Federal, chamada Conexão Fatal, em junho deste ano. Mesmo assim, ele persistiu em crimes cibernéticos, demonstrando desrespeito às instituições públicas e sensação de impunidade.
Atuação da organização Country
A organização Country, monitorada pelo Núcleo de Observação de Análise Digital da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo desde o segundo semestre de 2024, opera em plataformas como Telegram e Discord. É responsável por diversos crimes, incluindo ameaças a autoridades e vítimas, estupros virtuais, indução à automutilação e ao suicídio, afetando cerca de 400 pessoas em todo o país.
O acesso e a comercialização dos dados da SDS-PE acrescentam gravidade às atividades ilegais praticadas pelo grupo, como evidenciado nas investigações policiais.
Posicionamento do governo de Pernambuco
A Secretaria da Defesa Social de Pernambuco informou que, até o momento, não identificou falhas ou vulnerabilidades em seus sistemas. Está investigando o uso indevido de credenciais de acesso e as circunstâncias em que essas credenciais foram repassadas ao grupo criminoso.
Como medida extra de segurança, a SDS-PE está implementando a autenticação em dois fatores para reforçar a proteção e a confiabilidade dos acessos aos sistemas corporativos.
A Secretaria confirmou a prisão de Cayo e do menor infrator, ressaltando que ambos acessaram de forma não autorizada um dos sistemas da instituição.

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