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Economia

Haddad sugere taxar ricos para financiar justiça social e meio ambiente

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu com veemência a criação de uma taxa global para os super-ricos como forma de financiar o combate às mudanças climáticas e diminuir a desigualdade social. A proposta foi apresentada por meio de uma carta durante a reunião anual de 2025 do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, realizada em Washington.

Representado pela secretária de Assuntos Internacionais, Tatiana Rosito, Haddad divulgou um documento no qual sugere uma reforma progressiva no sistema tributário internacional e propõe uma “nova globalização” orientada por princípios sociais e ambientais. Segundo o ministério, a carta expressa a visão do Brasil de que é o momento de que os mais ricos contribuam de forma justa com tributos.

O documento destaca que o sistema tributário global vigente é ineficiente, permitindo uma concentração extrema de riqueza e facilitando a evasão e a elisão fiscal em larga escala.

O texto aponta as desigualdades e a evasão fiscal como falhas estruturais na economia mundial que comprometem a estabilidade econômica e a coesão social, qualificando o sistema atual como inadequado para conter essa concentração excessiva de riqueza.

Justiça tributária

Na carta entregue em Washington, são aprofundados os temas da política econômica interna do Brasil, focada na consolidação fiscal e justiça social. O governo reafirma compromisso com uma tributação progressiva que incida sobre renda e patrimônio, a revisão das isenções fiscais que não são eficazes, além de integrar metas ambientais ao centro da política fiscal por meio do Plano de Transformação Ecológica.

Haddad, que não esteve presente pessoalmente na reunião, optou por permanecer em Brasília para negociar questões orçamentárias após a queda de uma medida provisória que previa aumento de impostos sobre algumas aplicações financeiras e setores digitais. Ele enfatizou na carta que o ajuste das contas públicas precisa ser realizado sem sacrificar a equidade.

Defesa do multilateralismo

Em âmbito internacional, o Brasil manifestou preocupação com o crescimento de medidas unilaterais e protecionistas que geram incertezas e podem prejudicar o crescimento global. O país sugeriu o reforço de esforços para construir uma nova globalização que priorize metas ambientais e inclusão social, com a restauração de uma ordem baseada em regras multilaterais previsíveis.

A carta ressalta que a economia global enfrenta desafios inéditos, como inflação elevada, juros altos, envelhecimento da população e uma crise climática eminente. O governo brasileiro defende que o FMI e o Banco Mundial liderem a transição para um sistema econômico mais estável e inclusivo.

Política econômica interna e reforma do FMI

A carta também reafirma o compromisso firme do Banco Central com o controle da inflação e reconhece que a taxa de juros ainda está alta para conter pressões inflacionárias. Destaca a resistência da economia brasileira, cuja previsão de crescimento para 2025 é de 2,4%, com indicadores de desemprego e desigualdade em queda e equilíbrio nas contas externas.

Fiscalmente, o país prevê um superávit primário de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2026, com aumento gradual até alcançar 1,25% em 2029, quando a dívida pública deve se estabilizar.

Por fim, o Brasil defende mudanças estruturais na governança do FMI que deem maior voz aos países em desenvolvimento e garantam a independência dos seus estudos. O documento enfatiza que o FMI é um pilar importante e pede maior transparência nas análises sobre os impactos do comércio e da ajuda internacional.

Para Haddad, fortalecer o multilateralismo e garantir justiça tributária são passos fundamentais para uma economia global mais sustentável, estável e inclusiva.

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