Haitianos vivem crise severa, alerta líder da ONU

Os haitianos estão passando por uma crise severa que tem causado muito sofrimento, enquanto o país permanece amplamente ignorado pela comunidade internacional, segundo declarou nesta quinta-feira (28) o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, durante uma sessão do Conselho de Segurança.

Mais de um ano depois da implantação da Missão Multinacional de Apoio à Segurança (MSS), conduzida pelo Quênia, a situação no Haiti piora, com a capital, Porto Príncipe, quase completamente sob o domínio de grupos criminosos.

“Civis enfrentam cercos sob relatos chocantes de estupros e agressões sexuais. Hospitais e escolas têm sido alvo de ataques frequentes. As instituições de justiça estão em colapso”, afirmou Guterres.

Esse pronunciamento ocorre em meio a um pedido recente de sete países, incluindo os Estados Unidos, para que o Conselho de Segurança fortaleça a presença da força multinacional haitiana destinada a combater a violência das gangues. Dos 2.500 policiais inicialmente previstos para a missão, apenas cerca de 1.000, vindos de seis países, foram enviados até agora, sendo 700 do Quênia.

A representante interina dos EUA na ONU, Dorothy Shea, sugeriu a criação de uma nova “força de combate às gangues”, além de estabelecer um “escritório de apoio da ONU” para oferecer suporte logístico e financeiro.

A instabilidade política do Haiti persiste desde o assassinato do presidente Jovenel Moise em 2021. O conselho de transição, que assumiu após a saída do primeiro-ministro Ariel Henry em 2024, prometeu realizar eleições antes do fim de seu mandato, previsto para fevereiro de 2026.

De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, pelo menos 3.141 pessoas foram mortas na primeira metade de 2025, refletindo a gravidade da escalada da violência.