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Hamas avalia proposta de Trump para pôr fim ao conflito em Gaza

O plano apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar a guerra em Gaza está aguardando a análise do Hamas, após o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ter aprovado a proposta, embora tenha destacado algumas condições nesta terça-feira (30).
A iniciativa inclui um cessar-fogo imediato, a libertação de reféns israelenses em até 72 horas, o desarmamento do grupo islamista palestino e uma retirada progressiva das tropas israelenses da Faixa de Gaza.
De acordo com o plano, Trump organizará uma autoridade de transição que contará com a participação, entre outros, do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
Fontes palestinas revelam que o Hamas iniciou o processo de avaliação do plano de 20 pontos proposto pelos americanos. “Hoje o Hamas começou uma série de consultas entre seus líderes políticos e militares, tanto dentro quanto fora da Palestina”, afirmou uma fonte que pediu anonimato. A organização fornecerá uma resposta que represente os interesses do Hamas e dos movimentos de resistência.
Em Doha, porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores indicaram que a delegação negociadora do Hamas se comprometeu a examinar o plano de Trump com responsabilidade e que, nesta terça-feira, haverá conversas com representantes do movimento islamista palestino e da Turquia.
Em um vídeo postado no canal oficial no Telegram após a coletiva de imprensa com Trump, Netanyahu afirmou que o Exército israelense manterá a presença na maior parte de Gaza e ressaltou que não aceitou a criação de um Estado palestino nas negociações com o presidente americano.
“Vamos recuperar todos os nossos reféns, vivos e salvos, enquanto o Exército permanecerá na maior parte da Faixa de Gaza”, declarou.
O ministro israelense das Finanças, Bezalel Smotrich, crítico de direita, classificou o plano como um “fracasso diplomático retumbante”, argumentando que desconsidera as lições do ataque violento do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou o atual conflito.
Trump afirmou que o mundo está muito próximo de alcançar a paz no Oriente Médio, descrevendo o anúncio como um dos momentos mais importantes da civilização.
O plano inclui o envio de uma força internacional temporária de estabilização e uma autoridade de transição liderada por Trump e Tony Blair.
O acordo exige o desarmamento total dos combatentes do Hamas, que seria excluído de um futuro governo em Gaza.
Netanyahu confirmou seu apoio à proposta como um meio de encerrar a guerra que atende aos objetivos militares de Israel, mas advertiu que se o Hamas tentar sabotar o acordo, Israel agirá para eliminar o grupo por conta própria.
Trump assegurou total apoio a Israel para continuar seus objetivos caso o Hamas rejeite o plano.
A proposta recebeu reações rápidas em nível internacional, com países árabes e muçulmanos, incluindo mediadores como Egito e Catar, elogiando os esforços para a paz. Líderes do Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Rússia também manifestaram apoio.
O presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa, pediu a todas as partes que aproveitem esta oportunidade para promover uma chance real de paz.
No entanto, em Gaza predomina o ceticismo. Ibrahim Joudeh, morador de um abrigo em Al Mawasi, no sul de Gaza, declarou à AFP que o plano não é realista, pois contém condições que Estados Unidos e Israel sabem que o Hamas nunca aceitará. Para ele, isso indica que a guerra e o sofrimento continuarão.
Os bombardeios aéreos israelenses continuam em Gaza, com operações em andamento em particular na Cidade de Gaza, segundo a Defesa Civil e testemunhas locais.
A Autoridade Palestina, que governa na Cisjordânia e poderia assumir um papel administrativo em Gaza após o conflito, elogiou os esforços de Trump como sinceros e determinados.
O conflito em Gaza começou com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.219 pessoas, em sua maioria civis, conforme dados israelenses oficiais.
A ofensiva israelense devastou grande parte de Gaza e já causou a morte de mais de 66.000 palestinos, majoritariamente civis, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, organismo considerado confiável pela ONU.

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