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Hamas quer mais tempo para analisar plano de Trump para Gaza

Hamas solicitou mais tempo para avaliar o plano de paz para Gaza apresentado por Donald Trump e apoiado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, informou à AFP nesta sexta-feira (3) um líder do grupo palestino.
Na última terça-feira, o presidente americano deu um prazo de “três ou quatro dias” para que o Hamas aceite sua proposta com o objetivo de encerrar quase dois anos de conflito na região palestina.
“O Hamas ainda está discutindo o plano de Trump (…) e comunicou aos mediadores que as conversas continuam e que precisam de mais tempo”, declarou uma fonte da liderança interna à AFP, sob condição de anonimato.
O plano sugerido pelo presidente dos EUA prevê o cessar-fogo, a libertação dos reféns israelenses em 72 horas, o desarmamento do Hamas e a retirada gradual das tropas israelenses de Gaza.
A proposta conta com o apoio de vários países árabes e ocidentais, porém ainda gera dúvidas sobre o cronograma para a retirada israelense e os detalhes do desarmamento do Hamas.
Mohamad Nazal, integrante do conselho político do Hamas, afirmou em comunicado que o plano apresenta aspectos preocupantes.
“Estamos em diálogo com mediadores e com países árabes e islâmicos, levando muito a sério a possibilidade de um acordo”, explicou. “Em breve anunciaremos nossa posição oficial.”
Bombardeios intensos na Cidade de Gaza
A Defesa Civil do território palestino, responsável por socorro em Gaza e vinculada ao governo do Hamas, reportou ataques aéreos e bombardeios intensos realizados por Israel na Cidade de Gaza.
O Exército israelense iniciou em setembro uma extensa ofensiva aérea e terrestre para controlar a maior área urbana da Faixa de Gaza, forçando milhares de pessoas a se deslocarem para o sul da região.
Devido às restrições de acesso e às limitações dos meios de comunicação, a AFP não conseguiu verificar independentemente os relatos da Defesa Civil ou das Forças Armadas israelenses.
Segundo o porta-voz da Unicef, James Elder, não existe local seguro para os palestinos que receberam ordem de evacuar a Cidade de Gaza, e as áreas designadas por Israel no sul são “lugares de morte”.
Crescem protestos mundiais
Após quase dois anos de conflito – que teve início com o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra o sul de Israel – manifestações têm aumentado pelo mundo. Nas últimas 24 horas, os protestos focaram na interceptação de uma flotilha humanitária que tentava entrar em Gaza.
A flotilha conhecida como Global Sumud partiu de Barcelona em setembro, com ativistas como Greta Thunberg, buscando levar ajuda para o território palestino, onde a ONU relata uma grave crise de fome.
A Marinha israelense interceptou e deteve mais de 400 ativistas nos barcos que se aproximavam de Gaza, incluindo o último barco, Marinette, que estava no mar até esta sexta-feira. Israel já iniciou a deportação dos ativistas, incluindo quatro cidadãos italianos.
Divisões dentro do Hamas
Na expectativa pela resposta do Hamas, o pesquisador Hugh Lovatt, do Conselho Europeu de Relações Exteriores, disse que o Catar pode exercer pressão sobre o grupo, mas a decisão depende também dos líderes e combatentes do Hamas em Gaza.
Uma fonte palestina próxima ao Hamas revelou à AFP que o grupo deseja modificar algumas cláusulas, como o desarmamento e a saída dos líderes do Hamas e de outras facções.
Também exigem garantias internacionais para a retirada completa das tropas de Israel da Faixa de Gaza e garantias de que não serão alvo de assassinatos dentro ou fora do território.
Outra fonte mencionou que existem duas correntes no Hamas: uma apoia a aprovação do plano sem condições, priorizando o cessar-fogo sob garantias da administração Trump; a outra possui reservas quanto a algumas cláusulas importantes, rejeita o desarmamento e a expulsão de palestinos de Gaza, e defende uma aprovação condicionada a ajustes que reflitam as demandas do Hamas e das facções de resistência.
Impactos do conflito
O conflito começou com um ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, que causou 1.219 mortes, a maioria civis, segundo contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
A resposta militar de Israel resultou em pelo menos 66.225 mortes, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas, número considerado confiável pela ONU.

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