harvard investiga ligação de ex-presidente com Epstein após vazamento de emails

A Universidade de Harvard iniciou uma apuração sobre as conexões entre seu ex-presidente e ex-secretário do Tesouro dos EUA, Lawrence Summers, e o empresário Jeffrey Epstein, que foi condenado por exploração sexual. Essa decisão veio após a divulgação de documentos que mostram uma relação próxima entre os dois por vários anos, conforme noticiado pelo jornal estudantil The Harvard Crimson.

O porta-voz de Harvard, Jonathan Swain, afirmou ao jornal que a instituição está analisando as informações relacionadas às pessoas ligadas a Harvard presentes nos documentos recentemente tornados públicos sobre Jeffrey Epstein, para determinar as possíveis ações a serem tomadas.

A investigação abrangerá os dados presentes nas mais de 20 mil páginas de emails divulgadas pelo Comitê de Fiscalização da Câmara dos Representantes dos EUA, na semana anterior.

Lawrence Summers ocupou o cargo de secretário do Tesouro no governo do presidente Bill Clinton (1993-2001) e foi presidente da Universidade de Harvard entre 2001 e 2006.

Além de Summers, outras pessoas ligadas a Harvard mencionadas nas mensagens também serão objeto da análise, incluindo cerca de uma dúzia de funcionários ativos e aposentados, segundo o Harvard Crimson. Entre elas estão a professora emérita de Inglês e esposa de Summers, Elisa New, e o professor emérito de Direito Alan Dershowitz.

As investigações sobre Epstein começaram em 2005, após denunciar abuso sexual contra uma adolescente de 14 anos por parte do empresário em sua residência na Flórida. Isso desencadeou várias investigações que resultaram na condenação dele em 2008 por exploração sexual e facilitação de prostituição de menores.

Ele aceitou um acordo judicial que previa 13 meses de prisão e inclusão em uma lista federal de criminosos sexuais. Em 2019, contudo, um juiz anulou este acordo, e Epstein foi preso novamente, vindo a ser encontrado morto em sua cela um mês depois, em um caso oficialmente registrado como suicídio.

O jornal Harvard Crimson analisou trocas de mensagens entre Summers e Epstein que ocorreram de novembro de 2018 a julho de 2019. Algumas mensagens mencionam uma mulher apelidada de “perigo”.

Em uma delas, Summers escreveu que não pretendia se envolver com ela além de orientá-la profissionalmente e comentou estar sendo visto com simpatia ao longe. Posteriormente, ele afirmou que a mulher parecia confusa ou desejava manter distância, mas valorizava o contato profissional.

Embora o nome da mulher nunca tenha sido mencionado, um porta-voz de Summers informou que ela nunca foi sua aluna.

Também em outra mensagem, Summers enviou a Epstein um email da economista Keyu Jin solicitando avaliação sobre um artigo, e Epstein respondeu com comentários alegres sobre a situação.

Epstein se declarou parceiro de Summers em suas conversas, e o ex-secretário chegou a pedir doações do empresário para Harvard.

No passado, Harvard reconheceu ter recebido cerca de US$ 9,1 milhões de Epstein entre 1998 e 2008 e implementou novas políticas para doadores após essa revelação.

A última interação entre Summers e Epstein ocorreu em 5 de julho de 2019, um dia antes da prisão do empresário, com mensagens que incluíam referências literárias e conversas pessoais.

Em decorrência da repercussão da investigação, Summers anunciou afastamento da vida pública e assumiu responsabilidade por manter contato com Epstein. Embora continuará atuando academicamente, ele abandonou compromissos públicos, como em empresas e organizações diversas.

Recentemente, ele também renunciou ao conselho da OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT, declarando que sua decisão está alinhada com o afastamento das funções públicas para recuperar a confiança.

Atualmente, Summers leciona disciplinas para estudantes de graduação e pós-graduação em Harvard. A universidade ainda não respondeu se ele estará suspenso durante as investigações.