Economia
IBGE: Taxa de desemprego cai para 7,9% no primeiro trimestre de 2024
Indicador é o menor registrado na série histórica do IBGE, para o período entre janeiro e março, desde 2014
A taxa de desemprego no Brasil foi de 7,9% no trimestre encerrado em março, uma alta de 0,5 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em dezembro de 2023, quando estava em 7,4%. Apesar da alta na comparação trimestral, essa taxa de desocupação foi a menor já registrada para um trimestre encerrado em março desde 2014, quando chegou a 7,2%, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No mesmo trimestre de 2023, a taxa de desemprego estava em 8,8%. Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, esse panorama caracteriza um movimento sazonal da força de trabalho no primeiro trimestre do ano. “O movimento sazonal deste trimestre não anula a tendência de redução da taxa de desocupação observada nos últimos dois anos”, afirmou.
Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, esse é mais um resultado que mostra a resiliência do mercado de trabalho brasileiro, que atualmente se encontra em seu nível mínimo. “Apesar dessa expansão, na análise dos dados dessazonalizados, observamos um recuo para 7,4% nos nossos cálculos”, ponderou. Ele destacou uma mudança significativa na dinâmica da ocupação. “Anteriormente, o bom desempenho do mercado de trabalho estava se dando pela expansão do número de pessoas trabalhando. Agora, esses números seguem sólidos, mas é o terceiro mês em que eles pioraram.
Entre as hipóteses levantadas para as mudanças ocorridas no último trimestre estão o aumento da proporção de idosos na composição etária e as transferências governamentais de renda”, disse o economista, que acredita que esse cenário pode estar contribuindo para a saída de pessoas da força de trabalho.
Rendimento
O rendimento médio das pessoas ocupadas chegou a R$ 3.123, com alta de 1,5% no trimestre e de 4,0% na comparação anual. Entre os grupamentos de atividade investigados, as altas mais expressivas foram nos setores de transporte, armazenagem e correio. A massa de rendimento real habitual, que é a soma dos rendimentos de toda a população ocupada no país, foi estimada em R$ 308,3 bilhões. O resultado teve variação inexpressiva frente ao trimestre encerrado em dezembro de 2023 e cresceu 6,6% na comparação anual.
Segundo Cadilhac, a alta dos rendimentos pode ser explicada pela falta de reajuste condizente durante a pandemia e o bom comportamento dos preços, que contribui para uma correção acima da inflação. “Sendo assim, esse cenário, em conjunto com o desemprego baixo, tem contribuído para uma massa de rendimentos robusta. Pensando, agora, nas suas implicações para o cenário de médio prazo, a dinâmica inflacionária traz alguma preocupação, sobretudo com a nova regra do salário mínimo”, avaliou.
Carteira assinada
Mesmo com redução da população ocupada, o número de trabalhadores com carteira assinada não teve variação significativa na comparação com o trimestre móvel anterior, permanecendo em 38 milhões.
A estabilidade do emprego com carteira no setor privado, em um trimestre de redução da ocupação como um todo, é uma sinalização importante de manutenção de ganhos na formalização da população ocupada. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Brasil abriu 244.315 vagas de emprego formal em março. O resultado representa melhora de 25,7% em relação a março do ano passado, quando foram criados 194,37 mil empregos com carteira assinada. No acumulado do ano, o saldo do 1º trimestre foi de 719.033 postos de trabalho, sendo positivo em todos os cinco grandes agrupamentos econômicos e em 25 das 27 Unidades da Federação.
Já nos últimos 12 meses, o saldo foi de 1.647.505 postos de trabalho, 182.164 empregos a mais do que o saldo do ano de 2023. Para André Colares, CEO da Smart House Investments, o Caged menor indica uma desaceleração na recuperação do mercado de trabalho. “Embora ainda represente um dado positivo, essa diminuição pode ser interpretada como uma normalização após uma rápida recuperação”, destacou. Apesar de ser um número menor, o indicador é considerado positivo, pois oferece espaço para o Banco Central (BC) reduzir a taxa básica de juros sem estar tão pressionado por dados robustos de geração de emprego. Para o executivo, esse cenário é visto como um “remédio amargo”, porém positivo.
Em coletiva de imprensa para apresentação dos dados, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, comemorou a robustez do mercado de trabalho e voltou a criticar o patamar atual da taxa básica de juros (Selic). “Acho uma aberração econômica os chamados ditos especialistas chamarem a atenção para risco inflacionário. A inflação está sob controle. A questão do preço dos alimentos se resolve”, comentou. A Pnad é uma pesquisa mais completa sobre o comportamento e situação dos brasileiros, especialmente pela grande quantidade de trabalhadores informais. O Caged, por sua vez, é a fonte mais recomendada para os dados de emprego formal.
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