Economia
Ibovespa alcança recorde de 143 mil pontos com expectativa de corte de juros nos EUA

O Ibovespa iniciou a sessão desta sexta-feira, 5, em alta, aguardando os dados do payroll nos Estados Unidos, que indicaram uma desaceleração do mercado de trabalho norte-americano, aumentando as expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Esse cenário positivo animou os mercados internacionais e brasileiros, com o índice renovando sua pontuação histórica.
Assim, acredita-se que os recursos originalmente destinados à renda fixa nos EUA estejam migrando para outros mercados, especialmente para economias emergentes como o Brasil.
“Temos um conjunto bastante favorável para o Brasil nesta manhã, com maior apetite por risco nas bolsas internacionais, incluindo EUA e Europa. Um destaque importante é a queda do índice DXY, o que demonstra um enfraquecimento do dólar frente a outras moedas, contribuindo para a valorização do real”, comenta Bruna Sene, analista de renda variável da Rico.
Após a divulgação dos dados, as bolsas de valores no exterior, principalmente em Nova York, tiveram alta, enquanto os juros dos títulos do Tesouro americano caíram, influenciando positivamente os ativos brasileiros. O Ibovespa subiu da mínima de abertura em 141.003,45 pontos (alta de 0,01%) para seu recorde histórico de 143.402,28 pontos, um avanço de 1,71%. Por volta das 11 horas, o índice marcava alta de 1,63%, alcançando 143.297,07 pontos.
Entre as 84 ações da carteira, apenas oito apresentavam queda no mesmo horário. O maior recuo foi da Petrobras, com 1,34% (ON) e 0,93% (PN), impactada pela queda de cerca de 2% no preço do petróleo no mercado internacional. Por outro lado, o índice se beneficiou da valorização do minério de ferro em Dalian, na China, que avançou 0,77%.
O relatório de empregos dos EUA revelou a criação líquida de 22 mil novos postos de trabalho em agosto, abaixo da mediana das estimativas, que apontava para 76 mil vagas criadas.
“Além do arrefecimento na geração de empregos, o aumento na taxa de desemprego e a queda no salário médio contribuíram para a animação dos mercados. Espera-se um corte nas taxas de juros ainda neste mês, com possibilidade de novos ajustes em outubro e dezembro”, avalia Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital. Para ele, existe potencial para o Ibovespa atingir 150 mil pontos em 2025, impulsionado mais pelo diferencial de juros do que por fatores internos ao Brasil.
A taxa de desemprego nos EUA subiu de 4,2% para 4,3%, conforme previsto. Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, destaca que o índice se aproxima do nível idealizado pelo presidente do Fed, Jerome Powell, que seria 3,5%. Ele considera que, apesar do baixo desemprego, não há sinais relevantes de crise econômica nem previsão de recessão, entendendo que o dado é suficiente para justificar cortes futuros nos juros pelo Fed, mesmo com a inflação em alta.
Na véspera, sob a expectativa dos cortes, o Ibovespa fechou em alta de 0,81%, aos 140.993,25 pontos, acumulando uma leve retração no acumulado recente, mas avançando 1,36% na semana.
O mercado já considera praticamente certa a redução dos juros pelo Fed na reunião do dia 17 deste mês, embora permaneça a dúvida sobre cortes adicionais em outubro e dezembro. Alison Correia, analista de investimentos e sócio da Dom Investimentos, comenta que essa é a principal questão entre investidores atualmente.

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