Economia
Ibovespa cai 0,49% no início de outubro focando nos EUA

Na abertura de outubro, o Ibovespa apresentou uma queda leve pelo segundo dia consecutivo, algo que não acontecia há quase um mês. Depois de fechar setembro praticamente estável (-0,07%) e registrar um ganho de 3,40% no mês, seu melhor desempenho desde 2019, o índice da B3 caiu 0,49%, fechando em 145.517,35 pontos, com um volume financeiro de R$ 23,3 bilhões nesta quarta-feira.
Durante o dia, o índice variou entre 145.193,28 e 146.879,33 pontos, iniciando a sessão em 146.236,87 pontos. Apesar da queda diária, na semana o Ibovespa ainda apresenta uma leve alta de 0,05%, acumulando valorização anual de 20,98%. Este é o primeiro registro de duas perdas diárias consecutivas desde os dias 8 e 9 de setembro.
As ações da Petrobras ON e PN chegaram a tentar uma reação no início da tarde, contrariando a tendência do petróleo, mas fecharam em leve queda, com a ON recuando 0,12% e a PN 0,25%. O petróleo sentiu o impacto da alta inesperada dos estoques nos EUA, conforme divulgado pelo Departamento de Energia (DoE) daquele país.
Investidores também estão cautelosos diante da paralisação parcial do governo dos EUA e da possibilidade de que a Opep+ aumente a produção em novembro.
Vale ON teve alta de 1,27%, mesmo sem referências do mercado chinês, que estava fechado por feriado. Entre os bancos, as quedas foram mais acentuadas durante a tarde, mas desaceleraram ao final, com destaque para Bradesco (ON -1,97%, PN -1,70%) e Itaú PN, que caiu 1,79%.
Na lista das maiores quedas do Ibovespa estão Vamos (-4,06%), CVC (-3,59%) e Ultrapar (-3,46%). Do lado positivo, Pão de Açúcar (+5,28%), Braskem (+4,57%) e CSN (+3,92%).
Sobre o cenário internacional, o dia foi marcado por incertezas e cautela. Um dado importante, o payroll, inicialmente previsto para divulgação na sexta-feira, foi adiado devido à paralisação do governo federal dos EUA. Isso aumenta a incerteza nos mercados, especialmente os emergentes, segundo Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital. Ainda assim, os principais índices de Nova York fecharam em alta, com o Dow Jones subindo 0,09%, o S&P 500 ganhando 0,34% e o Nasdaq avançando 0,42%.
O Bureau of Economic Analysis (BEA), ligado ao Departamento do Comércio dos EUA, anunciou que suas operações permanecerão suspensas até que o Congresso aprove o financiamento do ano fiscal, incluindo a suspensão da divulgação de dados econômicos previstos durante o shutdown. Isso afeta dados como PIB, consumo, renda e investimentos em construção, que ficaram sem divulgação nesta quarta-feira.
Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos, afirmou que a paralisação nos EUA pesa na Bolsa brasileira, já que interrompe a divulgação de dados econômicos e pode se estender até meados de outubro. Como reflexo, alguns investidores buscaram proteção em ações de empresas com receitas em dólar, como as exportadoras.
Em entrevista exclusiva em Nova York, o economista-chefe do Santander para os EUA, Stephen Stanley, afirmou que não espera uma paralisação prolongada da administração pública americana, prevendo impactos mínimos para a economia do país. Segundo ele, o risco principal seria a demissão em massa de servidores por parte do governo de Donald Trump.

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