Economia
Ibovespa cai 2,10% com pressão no setor bancário, maior queda desde abril

A pressão sobre as ações do setor financeiro (BB ON -6,03%, Itaú PN -3,04%, Bradesco PN -3,43%, Santander Unit -4,88%) levou a maior queda percentual do Ibovespa desde 4 de abril, marcando o dia de maiores perdas em quatro meses.
Aumento de incertezas na relação Brasil-EUA, provocadas por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) relacionada às sanções da Casa Branca contra o ministro Alexandre de Moraes, influenciaram o índice, que começou o pregão em 137.321,13 pontos e chegou a atingir mínima de 133.996,87, uma variação de 3.324,26 pontos durante o dia. O índice fechou com queda de 2,10%, aos 134.432,26 pontos, com volume financeiro de R$ 22,4 bilhões; este foi o menor fechamento desde 5 de agosto.
Na semana, o Ibovespa recuou 1,40%, limitando o avanço mensal a 1,02% e o anual a 11,76%. Entre as maiores quedas destacaram-se Raízen, que reverteu sua alta do dia anterior após a Petrobras esclarecer que não investirá na empresa, fechando com baixa de 9,57%, seguida por Cosan (-6,41%) e Banco do Brasil.
Do lado positivo, apenas cinco ações da carteira Ibovespa encerraram em alta: Minerva (+2,93%), Suzano (+0,78%), Hypera (+0,48%), Marfrig (+0,17%) e Vale (+0,08%). A Petrobras recuou 1,37% em suas ações ordinárias e 1,05% nas preferenciais, refletindo um dia negativo para o petróleo nos mercados internacionais de Londres e Nova York.
Um operador de renda variável destacou que “a decisão do governador Flávio Dino sobre a inelegibilidade do ministro Alexandre de Moraes pelo método Magnitsky pesou nas ações bancárias na terça-feira.”
Essa decisão, que impede a aplicação automática de leis estrangeiras no Brasil, gerou dúvidas e apreensão no setor financeiro, especialmente em bancos com operações nos EUA, segundo reportagens dos jornalistas Altamiro Silva Junior, Cynthia Decloedt e Gabriel Baldocchi, da Broadcast do Grupo Estado.
Com o medo de insegurança jurídica, bancos que já buscavam pareceres no exterior agora planejam novas consultas com escritórios de advocacia.
João Paulo Fonseca, head de renda variável da HCI Advisors, comentou que a queda acentuada da Raízen resultou do desmentido da Petrobras sobre a compra de ativos da empresa, uma expectativa anterior vista como possível recuperação para a companhia em dificuldades.
Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, ressaltou que a forte abertura em queda na Bolsa foi influenciada pela situação entre Brasil e Estados Unidos e pela decisão de Flávio Dino, afetando também o câmbio e a curva de juros locais ao trazer apreensão ao mercado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera realizar uma reunião ministerial na próxima terça-feira, 26, para alinhar o discurso do governo sobre reações ao tarifaço e à regulação das redes sociais, segundo o jornalista Gabriel de Sousa, da Broadcast.
João Soares, sócio-fundador da Rio Negro Investimentos, apontou que a queda do Ibovespa foi puxada pela posição do STF sobre a Lei Magnitsky, que levou investidores a reduzir exposição no setor bancário por trazer uma dinâmica desfavorável ao segmento.
Gabriel Filassi, sócio da AVG Capital, acredita que a decisão de Flávio Dino visa ganhar tempo, pois a implementação da Lei Magnitsky, que restringe serviços bancários, ocorrerá de forma gradual. Ele destaca que a exigência internacional será cumprida, mas não está claro quando, o que aumenta a incerteza dos investidores.

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