Economia
Ibovespa recua e volta a 133 mil pontos com atenção a Trump

O Ibovespa registrou queda pelo segundo dia consecutivo, recuando cerca de 1% nesta quinta-feira, 24, e atingindo a marca dos 133 mil pontos, patamar observado no período entre o final de abril e início de maio, além do fechamento em 18 de julho.
Durante o pregão, o índice oscilou entre 133.647,84 e 135.362,58 pontos, começando a sessão em 135.356,88. Na semana, o Ibovespa acumulou alta leve de 0,32%, mas no mês apresentou queda de 3,63%. No acumulado do ano, a valorização do índice da B3 é de 11,24%.
O volume financeiro negociado caiu para R$ 15,7 bilhões, menos que os R$ 17 bilhões de ontem, e o índice finalizou o dia em 133.807,59 pontos, com uma perda de 1,15%.
As perdas foram generalizadas entre as ações de maior peso no índice. Apenas 16 dos 84 papéis fecharam em alta, com destaque para Pão de Açúcar (+1,45%), Petz (+1,00%) e Vibra (+0,74%). Entre as maiores quedas, estão WEG (-4,68%), Embraer (-3,89%), Cyrela (-3,86%), Magazine Luiza (-3,33%) e Direcional (-3,32%), setores ligados ao ciclo interno da economia como varejo e construção civil.
Vale ON, principal ação do índice, caiu 1,55% após um período de valorização ligada a notícias positivas da China, incluindo o anúncio da construção de uma grande hidrelétrica.
No setor financeiro, os principais bancos registraram quedas que variaram de 0,45% (Santander Unit) a 1,26% (Bradesco PN). As ações da Petrobras fecharam praticamente estáveis, com variação de +0,11% (ON) e -0,16% (PN).
Naio Ino, gestor de renda variável da Western Asset, observa que o mês de julho tem apresentado um desempenho inferior da bolsa brasileira em comparação a outros mercados emergentes, principalmente em dólar, facilitando essa comparação por meio de ETFs diversificados. Essa diferença tem sido influenciada pela sobretaxa de 50% anunciada pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o que modificou o fluxo de investimentos estrangeiros para a B3 desde o dia 9 de julho.
Embora o ano acumule entrada líquida positiva de recursos estrangeiros em R$ 21,454 bilhões, o mês registra uma saída líquida próxima de R$ 5 bilhões até o dia 22, segundo dados da B3.
O aumento da tensão política nacional, somado a questões comerciais internacionais, adiciona volatilidade ao cenário de curto prazo. O comportamento imprevisível do presidente Donald Trump contribui para essa instabilidade, embora permaneça a possibilidade de um recuo na sobretaxa.
Conforme acordos comerciais entre os Estados Unidos, Japão e potencialmente União Europeia avançam, a negociação bilateral com o Brasil parece menos provável. Naio Ino destaca que investidores estrangeiros têm reduzido exposição ao país, principalmente por conta do impacto das restrições comerciais, que pesam mais que as condições internas, como a situação fiscal ou debates sobre aumento do IOF.
Anderson Silva, responsável pela mesa de renda variável da GT Capital, enfatiza que a iminente taxa de 50% dos EUA impõe um risco maior para posições na bolsa brasileira. Isso tem motivado investidores de longo prazo a realizar lucros e aumentar a liquidez para aproveitar possíveis quedas mais acentuadas, dentro do contexto da atual ‘guerra político-comercial’. O Ibovespa vem de uma máxima histórica nominal de 141 mil pontos alcançada em 4 de julho.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o plano de contingência do governo para responder às tarifas impostas pelos Estados Unidos está finalizado e será avaliado pelo presidente Lula. O documento inclui diversas medidas, entre elas a possível abertura de linhas de crédito para auxiliar empresas afetadas pela situação.

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