Economia
Ibovespa sobe com alta do petróleo e minério, mas queda em NY limita ganhos
O Ibovespa iniciou o dia em alta, impulsionado pela forte valorização de quase 6% nos preços do petróleo e pelo aumento de 0,39% no minério de ferro no mercado de Dalian, China. Entretanto, essa valorização está sendo restrita pelo desempenho modesto das bolsas de Nova York.
Investidores acompanham de perto a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, à Jacarta, na Malásia.
O aumento do petróleo ocorre após os Estados Unidos terem aplicado sanções às duas maiores companhias petrolíferas russas, além de informações indicarem que importantes empresas estatais chinesas suspenderam compras marítimas de petróleo russo em razão do receio das sanções ocidentais.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, destaca que o avanço das commodities tem ajudado não só o Ibovespa, mas também o real, que chegou à mínima de R$ 5,3792, mesmo com a alta indicando possível pressão inflacionária.
Kevin Oliveira, sócio e consultor da Blue3, explica que a valorização do petróleo tem beneficiado o setor energético, incluindo as ações da Petrobras, movimentando o índice. Ele destaca também a expectativa pelo encontro entre Lula e o presidente dos EUA, Donald Trump, que discutirão tarifas comerciais. Além disso, há atenção para os indicadores IPCA-15 e CPI dos Estados Unidos, que podem influenciar expectativas sobre cortes de juros americanos e, consequentemente, sobre a Selic.
Na Malásia, Lula criticou o protecionismo e a ideia de uma nova Guerra Fria, propondo comércio internacional utilizando moeda nacional com a Indonésia. Já Galípolo ressaltou que as expectativas inflacionárias ainda estão fora da meta, mas mostram desaceleração, o que exige manutenção da taxa de juros em patamar elevado por período prolongado.
O relatório Focus indica que, apesar da desaceleração nas projeções do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os índices continuam acima do teto da meta de 4,50%. Os dados do IPCA-15 de outubro, a ser divulgados em breve, apontam para um arrefecimento mensal do índice de 0,48% para 0,24%, com uma variação acumulada em 12 meses estimada em 5%, segundo Projeções Broadcast. O IPC-S divulgou desaceleração para 0,19% na terceira quadrissemana de outubro, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).
O economista André Perfeito avalia que os números são positivos e indicam uma perspectiva mais favorável para os juros no curto prazo, sem, entretanto, apontar para cortes imediatos na Selic, que está em 15% ao ano.
Em setembro, a arrecadação de impostos federais somou R$ 216,727 bilhões, valor ligeiramente abaixo da mediana das expectativas do mercado. Segundo Oliveira, mesmo com resultado recorde na arrecadação, o mercado não está surpreso, pois o governo tem adotado medidas para aumentar receitas, como a elevação do IOF. Ele destaca que não há sinais claros de compromisso com o ajuste fiscal.
Spiess observa que essa conjuntura aumenta as cautelas: juros longos sobem devido a preocupações fiscais, enquanto os juros curtos se mantêm moderados, refletindo o alívio inflacionário. O IPCA-15 pode consolidar essa percepção, apontando para uma possível redução da Selic, ainda que não necessariamente em dezembro.
No exterior, os principais índices das bolsas norte-americanas apresentam altas moderadas após balanços da Tesla e IBM que ficaram abaixo do esperado, enquanto investidores acompanham as negociações comerciais entre China e Estados Unidos.
Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,55%, aos 144.872,79 pontos. Hoje, por volta das 11h26, o índice avançava 0,58%, atingindo 145.711,56 pontos, após abrir próximo à mínima em 144.881,33 pontos. Durante o pregão, alcançou máxima de 146.357,79 pontos. As ações preferenciais da Petrobras subiram 1,94%, e as ordinárias, 1,64%. A Vale apresentou alta de 0,65%.

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