Centro-Oeste
Imagens mostram avanço da grilagem no DF em um ano
Na última sexta-feira (14/11), a Secretaria DF Legal interceptou a construção de um condomínio irregular dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio São Bartolomeu, localizada em Planaltina (DF). A secretaria destacou a rapidez com que os infratores desmataram a área para a grilagem de terras. Em menos de meio ano, já estavam demarcados lotes e criadas ruas com brita.
“Os grileiros agiram rapidamente para desmatar a região. Conforme revelam imagens de satélite, até 2024 não havia registros de supressão vegetal no local. Contudo, em meados de 2025, as imagens já evidenciavam estradas e demarcações feitas”, disse a DF Legal em comunicado oficial. “Esta situação levou a DF Legal a incluir o local em seu cronograma de ações”, acrescentou a pasta.
Durante a operação, a DF Legal derrubou um muro de alvenaria com aproximadamente 180 metros, além de 250 metros de cerca de arame. Também foram removidas estacas de madeira e um portão que restringia o acesso ao condomínio.
“O condomínio irregular na APA do Rio São Bartolomeu contava com muro frontal, portão, cerca lateral e ruas pavimentadas com brita. Três lotes já estavam devidamente demarcados”, afirmou a DF Legal. “Vale ressaltar que a área é pública e não pertence a nenhuma das Áreas de Regularização de Interesse Social (Aris) próximas”, explicou a secretaria.
Este não é um caso isolado. Em agosto deste ano, a Polícia Militar do DF (PMDF) e o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) constataram duas barragens ilegais na APA do Rio São Bartolomeu, com atividades que incluíram o soterramento do rio, o corte de árvores nativas do Cerrado e a construção proibida das barragens. O responsável foi multado em R$ 276 mil e teve as obras embargadas.
Em outra ação, realizada em outubro de 2024, a Polícia Civil do DF (PCDF) desmantelou uma operação de grilagem em Sobradinho (DF), prendendo quatro suspeitos. Desde 2012, aquela área já vinha sendo alvo dessas práticas ilegais, onde os infratores imperam sobre o solo e erguem construções sem autorização, configurando crime ambiental.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em julho deste ano, 1.102.590 habitantes do Distrito Federal vivem em Áreas de Proteção Ambiental, o que equivale a 39,2% da população local. A região do Planalto Central concentra 564.867 pessoas, seguida pela Bacia do Rio São Bartolomeu, com 360.760 habitantes, e a APA do Lago Paranoá, com 118.601 moradores.
Morgana Bruno, coordenadora do curso de Ciências Biológicas da Universidade Católica de Brasília (UCB), explica que morar em áreas de proteção ambiental não é proibido, mas requer cuidados para preservar a flora e a fauna. “Nessas áreas de uso sustentável, os moradores devem observar regras específicas, como manter partes protegidas da região e evitar a ocupação total do terreno, além de não impermeabilizar o solo”, esclareceu.

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