Economia
Impasse sobre futuro do ex-presidente Lula aumenta incerteza no Brasil, diz Fitch
Os recentes eventos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo seu depoimento na Polícia Federal, ajudam a aumentar ainda mais a incerteza em um já difícil cenário político no Brasil, afirma a agência de classificação de risco Fitch Ratings.
O acirramento dos ânimos na política nos últimos dias deve tirar o foco do Congresso em aprovar medidas econômicas, avalia a Fitch. “Esse movimento sugere que o foco político e a energia do Congresso podem ser consumidos em conter as consequências do avanço das investigações da Lava Jato e os procedimentos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff”, afirma a agência em seu relatório. Na quinta-feira, o Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva de Lula.
A Fitch ressalta que o governo estava planejando a reforma da Previdência e a introdução de tetos para os gastos públicos para melhorar as perspectivas fiscais de médio prazo e melhorar as expectativas dos agentes. “Mas a situação política pode fazer o progresso nestas questões bastante difícil”, afirma o relatório.
A Fitch avalia que um processo lento de impeachment e preocupações com a piora das contas fiscais devem contribuir para manter a confiança dos agentes em níveis historicamente baixos, impedindo a recuperação do PIB. Ainda no mercado doméstico, o aumento do desemprego deve contribuir para reduzir o consumo.
No cenário externo, os fantasmas para o Brasil são a desaceleração da China, a ameaça de mais quedas nos preços das commodities e o estresse no mercado financeiro, destaca a agência de risco.
Rebaixamento – Segundo a Fitch, “o desempenho da economia, das contas fiscais e a evolução do cenário político permanecem fatores essenciais para nossa avaliação do rating soberano do Brasil”. A piora das projeções do PIB para o Brasil é um indicador do risco de piora do rating soberano.
Outro fator negativo para o rating soberano brasileiro, diz a agência, é o pedido do Planalto ao Congresso para ter mais flexibilidade para a meta fiscal, o que abre espaço para um déficit primário de 1% do PIB este ano. “O baixo desempenho da economia e a pressão continuada nos gastos trazem riscos de piora para os objetivos fiscais do governo.”
A ausência de um ajuste fiscal eficaz, confiável e dentro do prazo foi um dos fatores que levou a Fitch a retirar o Brasil da classificação grau de investimento em dezembro, com o rating em perspectiva negativa.
(Com Estadão Conteúdo)
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