A inadimplência no mercado de crédito brasileiro caiu ligeiramente em fevereiro, apesar das condições de financiamento terem ficado mais apertadas mesmo em meio ao ciclo de cortes nos juros conduzido pelo Banco Central.
Os dados, divulgados pelo BC nesta segunda-feira, dizem respeito ao segmento de recursos livres, no qual as taxas de juros são livremente definidas pelos bancos. Neste caso, a inadimplência foi a 5 por cento, sobre 5,1 por cento em janeiro.
Num quadro de fraca inflação e retomada lenta da economia, o BC prosseguiu o ciclo de afrouxamento monetário na última semana, quando reduziu a Selic ao mínimo histórico de 6,50 por cento ao ano. No início de fevereiro, havia promovido outro corte de 0,25 ponto na taxa básica de juros.
Mesmo assim, os juros médios no segmento de recursos livres foram a 42,2 por cento ao ano em fevereiro, acima do patamar de 41,1 por cento em janeiro.
Ao mesmo tempo, o spread bancário –diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos ao consumidor final– subiu a 34,1 pontos percentuais em fevereiro no mesmo segmento, ante 32,9 pontos em janeiro.
Segundo o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, a redução do crédito total em fevereiro deu-se, no lado das pessoas físicas, pela diminuição nas operações de cartão de crédito à vista, enquanto operações do cheque especial e rotativo do cartão aumentaram.
Na avaliação de Rocha, o movimento “devolve efeito” que havia sido verificado em dezembro, quando o recebimento do 13º salário fez com que os consumidores acabassem diminuindo o uso dessas modalidades, de fácil acesso, mas que cobram taxas de juros mais altas.
O aumento do uso dessas modalidades em fevereiro, assim, foi um dos grandes fatores responsável por elevar os juros médios do crédito total, disse Rocha.
Estoque
Refletindo o baixo apetite por crédito, o estoque de crédito do Brasil, que inclui também o segmento de recursos direcionados, caiu 0,2 por cento em fevereiro sobre o mês anterior, a 3,062 trilhões reais. Com isso, passou a responder por 46,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
No primeiro bimestre, a retração do crédito geral foi de 1 por cento, informou o BC. Em 12 meses, o recuo é de 0,3 por cento.
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