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Incêndio em clínica mata cinco e mostra falhas elétricas

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Na comunidade terapêutica Liberte-se, situada no Paranoá, internos relataram problemas no sistema elétrico um dia antes de um incêndio fatal que ceifou cinco vidas na madrugada de 31 de agosto. No momento do incêndio, havia 21 pacientes dentro da casa, todos presos com cadeados.

Segundo depoimentos no processo do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), dois curtos-circuitos foram identificados em um galpão em construção destinado a reuniões na tarde de 30 de agosto, localizado na parte externa da chácara.

Alguns internos ainda apontaram faíscas na obra externa na véspera do incidente, ressaltando a ‘precariedade elétrica recorrente’. O sistema elétrico apresentava fios expostos e ligações clandestinas, e os próprios internos realizavam consertos improvisados.

Na madrugada seguinte, por volta das 2h20, o fogo começou. Internos foram acordados por gritos alertando o incêndio, com a fumaça se espalhando rapidamente. A energia estava cortada, dificultando a evacuação pela porta bloqueada por cadeado e grades de ferro nas janelas, exigindo fuga pelas janelas após remoção das grades.

Relatos apontam ausência de extintores, saídas de emergência, detectores de fumaça e treinamento de evacuação na clínica. O local funciona sem alvará ou autorização do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF).

Uma denúncia anônima mencionou um incêndio anterior meses antes, possivelmente relacionado. Investigação preliminar da Polícia Civil do DF (PCDF) destaca que as vítimas estavam trancadas do lado de fora da casa, reduzindo sua chance de escapar, e que irregularidades elétricas possivelmente contribuíram para o incidente.

Além disso, alguns internos dormiam sob efeito de medicações que poderiam ter comprometido sua reação frente à emergência.

Quatro pessoas ligadas à comunidade terapêutica foram presas temporariamente pela PCDF, dentre elas Douglas Costa de Oliveira Ramos, 33 anos, sua esposa Jockcelane Lima de Sousa, 37 anos, e Matheus Luiz Nunes de Souza, 23 anos. As investigações apontam para homicídio doloso, cárcere privado e prescrição ilegal de medicamentos, com penas que podem ultrapassar 30 anos.

O delegado-chefe Bruno Cunha ressaltou que os presos mantiveram os internos trancados durante o incêndio, sem adotar medidas legais para garantir segurança. O laudo pericial ainda está pendente, mas tudo indica que o fogo teve causa humana, ainda sendo investigada a possibilidade de intenção.

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