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Índia tenta evitar tarifas de Trump enquanto Brasil é alvo
Enquanto o Brasil é o principal alvo das tarifas impostas por Donald Trump, a Índia procura se proteger das reações do presidente americano contra os membros do Brics, do qual também é um fundador.
A Índia destaca que não pretende desafiar o domínio global do dólar dos EUA, conforme informado por fontes da agência Bloomberg.
Trump classificou o grupo de países em desenvolvimento como ‘antiamericano’ e o acusou de tentar diminuir o papel do dólar como moeda predominante mundial.
O presidente americano alertou diversas vezes sobre uma tarifa de 10% para todos os 10 membros do Brics, incluindo a Índia, mesmo ao indicar que um acordo comercial com Nova Déli estava próximo.
Recentemente, Trump aplicou uma nova rodada de tarifas, como a de 50% sobre o Brasil, uma das maiores taxas anunciadas, que entrarão em vigor em agosto.
O aviso foi enviado logo após a cúpula do Brics no Rio de Janeiro, onde os líderes se manifestaram contra tarifas que distorcem o comércio.
Enquanto Brasil e África do Sul criticaram Trump publicamente, a Índia evitou comentar, o que evidencia sua tentativa de equilibrar sua relação com Washington.
Autoridades indianas acompanham atentamente as ameaças, mas não veem razão para preocupações imediatas.
Segundo essas autoridades, a Índia não tem como objetivo minar o domínio do dólar, diferentemente da percepção do líder dos EUA, e enfatizam que qualquer comércio em moeda local visa apenas diminuir riscos, não desdolarização.
Mohan Kumar, ex-diplomata e negociador-chefe da OMC, esclarece que a Índia mantém uma distinção entre comércio em moeda local e desdolarização, e que o país não apoia a ideia de uma moeda única para o Brics.
Com a presidência rotativa do Brics prevista para 2026, a Índia pretende se destacar de membros como China e Rússia, que defendem uma oposição mais firme aos Estados Unidos. O país confia que sua importância estratégica para os EUA e sua postura cambial neutra garantirão um tratamento diferenciado.
Relação Estratégica
O Ministério do Comércio e Indústria da Índia não respondeu aos pedidos de comentário. Em uma coletiva recente, o diplomata sênior P. Kumaran afirmou que os primeiros-ministros Narendra Modi e Luiz Inácio Lula da Silva não conversaram sobre as tarifas de Trump durante a visita oficial do líder indiano ao Brasil.
Nos últimos anos, a Índia tem sido vista pelos EUA como uma parceira estratégica e um contrapeso à crescente influência da China na região.
Entretanto, houve tensões após Trump ter reivindicado o mérito por mediar um cessar-fogo entre Índia e Paquistão em maio. O primeiro-ministro Modi negou que o comércio tenha sido usado como moeda de troca para alcançar essa trégua.


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