Economia
Inflação diminui, mas serviços continuam lentos, diz diretor do BC

Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do Banco Central, afirmou nesta sexta-feira, 26, que a inflação tem apresentado queda desde o Relatório de Política Monetária (RPM) de junho, porém o setor de serviços permanece com resposta lenta e mantém níveis elevados. Ele destacou que grande parte da alta inesperada na inflação de serviços está ligada ao Bônus de Itaipu, que não é considerado relevante para a política monetária. Dessa forma, a inflação deve continuar acima da meta nos próximos meses.
Guillen também observou que a conta corrente mostrou um déficit maior, reflexo de importações em patamares elevados, o maior registrado até julho na série histórica.
As declarações foram feitas durante o seminário online “Discussão sobre Política Monetária com o Banco Central do Brasil”, promovido pelo Citi.
Crédito e PIB
O diretor comentou que, quanto aos fatores que estimulam o consumo, percebe-se uma leve desaceleração no crédito, embora o mercado de trabalho continue aquecido.
Sobre a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, Guillen mencionou que a desaceleração no segundo trimestre de 2025 ocorreu principalmente em setores menos sensíveis ao ciclo econômico, enquanto os setores cíclicos mantiveram o ritmo dos últimos dois trimestres.
Segundo ele, sinais variados indicam que a atividade econômica no terceiro trimestre deste ano deve se manter moderada. A projeção do PIB para 2025 foi ajustada de 2,1% para 2,0%, repetiu o diretor.
Para 2026, a previsão permanece em 1,5%, considerando que a demanda do PIB reflete um consumo em leve crescimento.
Transmissão do crédito
Guillen anunciou que o Banco Central planeja divulgar um estudo sobre como a taxa Selic influencia os volumes de crédito. “Estamos desenvolvendo estudos para demonstrar e acompanhar como as políticas impactam distintos tipos de crédito. E pretendemos publicar em breve”, declarou.
Na quinta-feira, o BC liberou 12 análises detalhadas junto ao Relatório de Política Monetária, com quatro delas focadas no mercado de trabalho.
O diretor ressaltou que a tomada de crédito emergencial responde pouco à política monetária, enquanto os financiamentos de longo prazo são mais sensíveis. “O consumo de bens que dependem de crédito está diminuindo mais rapidamente que o consumo de bens sensíveis à renda”, comparou, enfatizando que o mercado de crédito tem mostrado maior moderação do que o mercado de trabalho. “Tudo isso ajuda a entender que a transmissão da política está ocorrendo”, concluiu.
Ele recordou que o BC lançou em 2023 um estudo que evidenciava o efeito da Selic nos preços finais e que esse estudo tem servido como uma referência eficaz. “Analisamos as ações passadas e verificamos que os resultados nos preços estão alinhados com o esperado”, disse, destacando que o colegiado tem considerado que os mercados financeiros permanecem bastante ativos.

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