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Influencer chinês mantinha mulher trabalhando 15 horas por dia sem salário
Condenado em primeira instância pelo Tribunal Regional do Trabalho de Campinas, no interior de São Paulo, o influencer de medicina chinesa Peter Liu, com mais de 3 milhões de seguidores no YouTube e quase 1 milhão no Instagram, manteve em sua residência por 30 anos uma mulher em situação análoga à escravidão. Originária de Pernambuco, ela trabalhava longas jornadas diárias sem receber salário, sobrevivendo apenas com os trocados das compras feitas pela família.
De acordo com relatos processuais, a mulher, atualmente com 59 anos, enfrentava uma jornada extenuante de aproximadamente 15 horas diárias. A rotina começava às 7h e só terminava às 22h, momento em que podia se alimentar. Durante os períodos em que o filho do casal chinês, Davi, estudava na faculdade, ela era despertada de madrugada para preparar lanches.
Segundo o processo, em algumas ocasiões a mulher dormia na maca do consultório de medicina chinesa instalado na casa da família. Em outros momentos, sua cama era um depósito de materiais. Um relato da filha de Peter, que rompeu com o pai e divide moradia com a ex-empregada, menciona que a mulher chegou a ser picada por um animal peçonhento na propriedade e não recebeu atendimento médico adequado.
Além das responsabilidades domésticas, ela foi introduzida aos conceitos básicos das terapias orientais e também trabalhava como secretária e assistente na clínica.
Durante os 30 anos em que esteve na casa dos Liu, a única remuneração que Maria recebeu foram alguns trocados obtidos em compras feitas para a família.
Ao ser questionado, Peter Liu afirmou que a mulher era funcionária da ex-mulher e disse não ter contato com ela há mais de duas décadas. Entretanto, fotos anexadas ao processo mostram Peter, sua filha, o genro e a vítima juntos em uma sorveteria de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, em agosto de 2018.
Peter, seus filhos Davi e Anni, e a mãe deles, Jane, foram condenados em primeira instância pelo crime de redução à condição análoga à escravidão.
A defesa de Peter, Davi e Jane recorre da decisão, alegando ausência de vínculo empregatício. Por sua vez, Anni, que atualmente vive com a ex-empregada, tenta ser excluída do processo, argumentando que, após compreender a situação da vítima, adotou medidas para ajudá-la, como custear sessões de terapia e incentivar sua socialização.
A família foi sentenciada a pagar uma indenização de R$ 400 mil à ex-empregada, valor considerado inadequado pelos representantes da vítima.

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